Os custos para serviços fúnebres na Espanha têm se tornado cada vez mais altos, com um preço médio que não costuma ficar abaixo de 3.500 euros. A concorrência no setor funerário é baixa, dado que é dominado por um pequeno número de funerárias controladas por grandes seguradoras.
Estima-se que anualmente mais de 400 mil pessoas falecem no país, levando seus familiares a arcar com os custos de sepultamento, muitas vezes por meio de seguros de decesso, que cobrem cerca de 46% da população espanhola. O valor médio de um serviço funerário alcança 3.700 euros, conforme dados da Organização de Consumidores e Usuários (OCU) de 2023, com variações regionais: enquanto nas cidades o custo gira em torno de 4.500 euros, em áreas rurais pode cair para cerca de 2.700 euros.
A indústria funerária é estável e cresce modestamente, com as funerárias tendo gerado 1.679 milhões de euros em 2023, o que representa um aumento de 1,58% em comparação com o ano anterior. Para as seguradoras, os ganhos foram de 2.835 milhões de euros, um crescimento de 5,5%. O aumento na demanda por serviços funerários está alinhado com uma mudança demográfica, onde as mortes superam os nascimentos, mas o setor enfrenta um desafio de adaptação a novas realidades sociais e culturais.
As mudanças nas preferências dos consumidores também são notáveis. A busca por serviços personalizados e sustentáveis tem crescido, evidenciando um público que demanda rituais menos tradicionais e mais simbólicos. As inovações incluem desde salas de despedidas com imersão audiovisual até opções de cerimonias ao ar livre e produtos biodegradáveis.
As grandes funerárias têm absorbido pequenas empresas ao longo dos anos, representando agora entre 30% e 35% do mercado. O processo de concentração no setor gera preocupações sobre a competição, com um presidente de associação do setor classificando a situação como um "cártel funerário", onde muitas famílias enfrentam dificuldades para escolher livremente uma funerária devido à falta de opções disponíveis.
Essa questão já foi objeto de scrutinização pela Comissão Nacional de Mercados e Concorrência (CNMC), que investiga se as fusões entre funerárias e seguradoras afetam a competição no mercado, evidenciando a fragilidade do setor diante de uma possível concentração excessiva. Enquanto isso, os serviços funerários permanecem relativamente acessíveis em comparação com outros países europeus, e as empresas não têm aplicado grandes aumentos de preços, mantendo a estabilidade dentro do mercado.
Os consumidores estão cada vez mais planejando os custos do sepultamento, buscando orçamentos prévias e considerando alternativas mais econômicas. O aumento das cremados, que alcançou 47,7% em 2023, também reflete uma mudança nas preferências, já que esta opção tende a ser mais acessível. Com a indústria funerária se adaptando a novas demandas e normativas, e com a perspectiva de um futuro incerto, o desafio para as seguradoras será atrair as novas gerações e manter o interesse em produtos que tradicionalmente têm sido populares entre os mais velhos.
As seguradoras têm tentado se modernizar, oferecendo serviços que vão além da cerimônia de sepultamento e promovendo assistência relacionada ao planejamento de heranças, serviços jurídicos e até suporte emocional. Neste novo cenário, é crucial que essa indústria se reivente e ofereça alternativas que ressoem com as necessidades contemporâneas dos consumidores.
Para finalizar, a questão da fiscalidade também é relevante: a carga de impostos sobre serviços funerários é considerada alta, o que impulsionou pedidos do setor para uma revisão das taxas. A indústria procura não apenas atender às demandas atuais dos consumidores, mas também garantir sua viabilidade futura diante de um mercado em transformação.