O corpo do icônico sambista Arlindo Cruz será velado hoje, 9 de agosto, às 18h, na quadra do Império Serrano, localizada em Madureira, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A agremiação confirmou que o velório seguirá a tradição gurufim, típica de eventos festivos provenientes da cultura africana, e contará com a apresentação da bateria da escola, que dará início às homenagens ao artista, conhecidas por suas celebrações vibrantes.
A cerimônia de despedida está aberta ao público e se estenderá até as 10h de domingo, dia 10. Durante este período, familiares também realizarão um momento reservado para os mais próximos. O sepultamento ocorrerá no domingo, às 11h, no Cemitério Jardim da Saudade, em Sulacap.
À medida que os preparativos avançavam na quadra, coroa de flores começaram a chegar, incluindo uma enviada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pela primeira-dama Janja da Silva, além de homenagens da Beija-flor de Nilópolis. Fãs e admiradores começaram a se reunir no local antes da abertura do velório, demonstrando a grande influência que Arlindo exerceu na música brasileira.
A morte do sambista foi confirmada pela sua esposa, Babi Cruz, e ocorreu em decorrência de falência múltipla dos órgãos, após um longo período de internação desde abril. Arlindo enfrentava problemas de saúde desde 2017, quando sofreu um acidente vascular cerebral que lhe deixou sequelas, limitando suas apresentações. Ao longo de sua vida, Arlindo Cruz tornou-se um verdadeiro ícone da música brasileira, conhecido por sua generosidade e amor à arte.
A família do artista emitiu um comunicado emocionado manifestando sua dor e gratidão: "Arlindo foi um poeta do samba, um homem de fé, que dedicou sua vida a levar amor e música. Sua voz e composições permanecerão para sempre na memória e no coração de milhões de admiradores".
Nascido em 14 de setembro de 1958, Arlindo Domingos da Cruz Filho ganhou o título de "sambista perfeito" entre amigos e admiradores, um reconhecimento que reflete a profundidade de sua contribuição ao gênero. Desde pequeno, ele mostrou talento musical e se destacou ao tocar cavaquinho e banjo. Arlindo foi aluno de um dos maiores maestros do samba, Candeia, e sua carreira teve início nas rodas de samba, onde se destacou ao lado de grandes nomes, contribuindo não só como intérprete, mas também como compositor.
Arlindo teve sua primeira grande chance como intérprete ao substituir Jorge Aragão no grupo Fundo de Quintal, onde gravou sucessos inesquecíveis. Com uma trajetória marcada por mais de 550 sambas gravados por vários artistas, Arlindo foi um ativo colaborador no Carnaval, escrevendo sambas-enredo que marcaram várias edições do Império Serrano e de outras escolas. Sua obra deixou um legado inestimável, que continua a inspirar novos artistas e apaixonados pelo samba.
Em uma de suas últimas aparições, Arlindo mostrou-se emocionado ao falar sobre sua paixão pelo Flamengo e apresentou canções que fazem parte de seu extenso repertório. A música de Arlindo Cruz ecoará por muitas gerações, perpetuando sua mensagem de amor e cultura.
Além das homenagens que receberá hoje, Arlindo Cruz será lembrado como um exemplo de força e humildade, permanecendo eternamente nos corações dos que o admiravam.