Censura Cultural em Ascensão
A censura cultural em São Paulo tem ganhado espaço novamente, trazendo à tona comparações com a repressão da ditadura militar. Em 2025, eventos literários e expressões artísticas foram alvo de intervenções, ilustrando a feroz luta pela liberdade de expressão na atualidade.
Eventos Cancelados e Interferência Política
A Prefeitura de São Paulo cancelou a 7ª Flipei (Feira Literária Pirata das Editoras Independentes) alegando uso político, o que desliza para um cenário alarmante de restrição a manifestações culturais. "O motivo da proibição tem raízes não na legalidade, mas na percepção de que certos temas não deveriam ser debatidos," afirmou o diretor da feira, Abraão Mafra.
Pressão Sobre a Liberdade de Expressão
A presença do historiador israelense Ilan Pappé em discussões sobre a Palestina também tornou-se ponto central da censura. Ao relatar tentativas de silenciamento em outros eventos, Pappé enfatiza a relevância do debate e critica o que considera uma repressão de ideias. Sua presença gerou receio nas esferas de poder local, que ainda se incomodam com questões sobre a situação política no Oriente Médio.
Interrupções em Eventos Culturais
Recentemente, durante a Semana do Rock na Praça do Patriarca, apresentações foram interrompidas por motivos que incluem a exibição de bandeiras palestinas. A Secretaria de Cultura da cidade, em sua justificativa, alegou que o evento violava cláusulas contratuais, revelando a fragilidade da liberdade artística diante de ideologias conservadoras.
Desafios da Literatura e Educação
A pressão sobre obras literárias e conteúdos educacionais se intensifica, com tendências conservadoras buscando censurar obras que tratam de diversidade e gênero. O exemplo do "Diário de Anne Frank", considerado inadequado para leitura em Porto Alegre, é um reflexo preocupante sobre como essa interferência se perpetua, onde a descoberta da sexualidade da protagonista é desconsiderada como elemento de aprendizado.
A Repercussão na Sociedade
Outras proibições, como a de "O avesso da pele", de Jeferson Tenório, ressaltam a vulnerabilidade da liberdade de criação e da educação crítica. Com um notável crescimento da censura entre segmentos bolsonaristas, a luta pela defesa da liberdade de expressão se mostra mais vital do que nunca. A Constituição de 1988, que consagra essa liberdade, precisa ser reafiada, confrontando os atuais abusos de poder.
"Quando um banal barnabé proíbe uma feira ou mesa de debates, comete crime e usa o poder do Estado contra o cidadão que paga por proteção", destaca a crítica sobre a censura em curso na sociedade.