Ao longo de anos de viagens, Jamie Davis Smith percebeu que adiar a maternidade para explorar o mundo não impediu a vida de sonho — pelo contrário, revelou uma forma de viajar que envolve toda a família, inclusive os pequenos exploradores. Este relato em primeira pessoa, traduzido e adaptado para o formato jornalístico, descreve a jornada desde o receio inicial até a descoberta de que viajar com crianças é diferente, mas igualmente recompensador. Adiar ter filhos para viajar não significou abrir mão da maternidade; significou aprender a levar o mundo junto, afirma a autora, cuja história começa com uma decisão tomada aos trinta anos e uma viagem épica que marcaria o início de uma nova fase da vida familiar.
O medo de parar de viajar após a maternidade
Ela também descreve o medo de que o estilo de vida de viajante fosse interrompido assim que os filhos chegassem.
“Eu sabia que queria filhos e uma grande família, mas adiei tê-los porque queria viajar primeiro.”Essa frase resume a tensão entre o desejo de ser mãe e a ânsia de continuar desbravando o mundo. Para ilustrar o ponto de virada, a autora relembra uma última viagem com amigos aos trinta anos, uma jornada inesquecível pela Costa Rica, que terminou com a sensação de que o passaporte poderia ser aposentado — apenas para descobrir, na prática, que novas portas ainda estariam abertas.
Desafios do começo: logística, cansaço e tomada de decisão
Logo que a filha mais velha chegou, a rotina mudou de forma abrupta: noites sem sono, sessões de alimentação com bombeamento para manter o leite, e uma pilha de itens de bebê que pareciam impossíveis de carregar. Viajar parecia avassalador. Ela questionava se a filha dormiria em quartos estranhos, se o carrinho caberia na bagagem e se era seguro viajar com uma criança ainda sem todas as vacinas. Mesmo com o desejo de explorar, a incerteza pesava, e a família ficou por um tempo mais perto de casa, buscando entender como manter o equilíbrio entre cuidado, conforto e curiosidade.
Essa fase inicial, porém, não foi o fim da história, mas o começo de um aprendizado gradual sobre como adaptar a vida de viajante à nova realidade. Aos poucos, a família desenvolveu rotinas que permitiram levar o bebê e, mais tarde, as crianças, sem abrir mão das oportunidades de conhecer novos lugares. A cada viagem, a prática e a confiança aumentavam, e a simples ideia de sair da rotina se tornou mais viável a cada dia.
Descoberta gradual: passos suaves para retornar às viagens
Com o tempo, a família consolidou uma rotina estável e começou com visitas a familiares em cidades conhecidas, como Filadélfia e as grandes capitais do interior americano. Em seguida vieram viagens a locais familiares, como Chicago, onde o marido já tinha vivido. Ao longo dos anos, o grupo aumentou — três novas crianças foram incorporadas — e a experiência de viajar com crianças passou a orientar as escolhas de destinos país afora. A autora descreve como a confiança cresceu de forma orgânica, abrindo espaço para explorar destinos além das fronteiras dos Estados Unidos, mantendo a sensação de aventura que a guiou desde jovem. A prática se tornou regular e a curiosidade, constante, alimentando um desejo de explorar novas culturas com a prole ao lado.
Primeira viagem à Europa com as crianças
Aos poucos, a Europa entrou no radar da família, começando por Londres, cidade que a autora conhecia bem, e Paris, para a qual já havia voltado algumas vezes. O objetivo não era simplesmente passear, mas alcançar um equilíbrio entre tranquilidade sanitária — com serviços de saúde de fácil acesso — e a segurança de água potável para as crianças. Londres e Paris ofereceram o contexto ideal para que a família se acostumasse ao ritmo de viajar com crianças, sem perder a emoção de explorar ao vivo monumentos e estilos de vida diferentes. O resultado foi uma confirmação de que o mundo pode ser acessível e acolhedor para quem viaja com crianças.
Quando viajar com crianças vira uma nova forma de aventura
Essa primeira experiência europeia com a prole mostrou que o ritmo é diferente, mas o prazer é o mesmo. Em vez de sair à noite para bares, a família buscou sorvetes generosos e parques de diversões; em vez de museus com foco em obras, exploraram castelos, fossos, atrações lúdicas e locais que estimulam a imaginação das crianças. A autora descreve que viajar com crianças é diferente, mas tão gratificante quanto antes. Em cada destino, as crianças adicionaram novas dimensões às viagens, e a experiência se expandiu de modo que o mundo aparecia sob uma nova lente. Em viagens subsequentes, o grupo percorreu praias idílicas em Turks and Caicos, geleiras na Islândia, as ruínas da antiga Petra e as Pirâmides de Gizé, entre outros sonhos que antes pareciam distantes. O relato reforça que as viagens em família criam memórias impossíveis de obter apenas com adultos e que cada lugar ajuda a moldar uma infância que a autora jamais imaginou ter.
Ao vivenciar cada experiência, as crianças também se tornaram professores de curiosidade e adaptabilidade, mostrando que o mundo pode ser desafiador e, ao mesmo tempo, acessível.
Como os filhos enriquecem cada viagem
A autora conclui que o receio de ter filhos não precisa ser uma barreira para viajar.
“Eu percebi que não precisava adiar ter filhos para continuar viajando, nem esperar para viajar depois de tê-los.”Hoje, com anos de itinerários familiares, ela destaca que as crianças proporcionam uma nova perspectiva sobre destino, ritmo e escolhas de atividades. Elas fazem com que o viajante procure novas estratégias, como planejar dias mais curtos, priorizar experiências que conectem a escola com a prática de viajar, e aceitar que alguns dias não saem como o esperado — mas, ainda assim, a experiência é valiosa. Entre momentos marcantes, a autora cita encontros inesquecíveis com o mundo: crianças que não apenas aprendem sobre geografia, mas também entendem que viagens são uma oportunidade de conhecer outras culturas, cozinhar juntos, experimentar sabores locais e aprender a respeitar hábitos diferentes. A presença dos filhos fez com que viagens anteriores ganhassem novas interpretações, transformando cada destino em uma lição contínua de curiosidade e empatia.
Ela destaca que os momentos compartilhados — ver o brilho nos olhos dos filhos ao ver pela primeira vez o vislumbre de um ponto turístico estudado na escola, ou a alegria de tocar na água da Zona Desmilitarizada — reforçam que as viagens se tornam parte da educação dos pequenos. Em paralelo, a família encontrou oportunidades de aprender coisas novas: por exemplo, cozinhar ramen do zero em Tóquio ou participar de atividades inusitadas, como a Gladiator School em Roma. Mesmo diante de imprevistos, como mudanças de roteiro, a autora reforça que a presença das crianças torna tudo mais significativo e divertido.
Reflexões sobre o futuro: aprendizados e perspectivas
Ao olhar para o futuro, Jamie afirma que, se pudesse falar com sua eu mais jovem, diria para não esperar para ter filhos, pois viajar pelo mundo com crianças é uma experiência extraordinária.
“Se pudesse falar com minha eu mais jovem, eu diria para não esperar para ter filhos, porque viajar pelo mundo com pequenos parceiros de viagem é tão divertido.”A ideia de que o estilo de viagem muda, mas a curiosidade permanece, orienta suas escolhas de vida. Hoje, a autora continua a viajar com os filhos com uma frequência que antes parecia impossível, e a sensação de que o mundo é acessível, inclusivo e cheio de possibilidades tornou-se o eixo de uma nova forma de viver. O texto conclui com a expectativa de futuras jornadas, na certeza de que cada novo destino trará aprendizados adicionais para a família e para o leitor.