Resumo Executivo: Brasil Storm no topo do circuito
Desde 2014 o Brasil tem escrito uma página histórica no Circuito Mundial de Surf, mais conhecido como WSL. Em pouco mais de uma década, o país acumula oito títulos, conquistados por cinco atletas diferentes, todos reunidos sob o rótulo Brasil Storm. Essa sequência de vitórias evidencia uma geografia do surfe brasileiro que termina por colocar São Paulo no centro do mapa, seguido por Rio Grande do Norte e Paraná. A campanha também ficou marcada pela interrupção causada pela pandemia de Covid-19, que fez com que o Mundial deixasse de acontecer em 2020. Além das vitórias nacionais, o cenário inclui a atuação de um campeão não brasileiro que, mesmo em meio ao domínio verde-amarelo, ficou marcado na história recente do circuito: John John Florence.
Brasil Storm: a força coletiva por trás dos títulos
O grupo que impulsionou o êxito brasileiro no tênue equilíbrio entre velocidade, manobra e leitura de ondas ficou conhecido como Brasil Storm. Ao longo de onze anos, oito títulos foram erguidos por cinco atletas, todos com raízes fincadas em diferentes portos do país. A força do conjunto reside não apenas nos desafios vencidos pelos atletas, mas na geografia que os envolve, na tradição regional do esporte e no ecossistema de apoio que sustenta esses campeões nos bastidores.
Gabriel Medina: o pioneiro de São Sebastião e as três coroas
Nascido em São Sebastião, no litoral de São Paulo, Gabriel Medina abriu o primeiro capítulo dessa trajetória em 2014, ao vencer o Circuito Mundial de Surf pela primeira vez. O tricampeão do mundo consolidou o feito ao conquistar os títulos de 2018 e 2021, consolidando-se como a referência de uma geração que soube combinar talento puro com consistência ao longo de anos decisivos. Medina cresceu na praia de Maresias, onde o piso de areia e as ondas foram decisivos para moldar o estilo veloz que se tornou marca registrada.
Adriano de Souza: Guarujá e o segundo título paulista
O segundo título mundial também saiu do estado de São Paulo, com Adriano de Souza, o Mineirinho, natural de Guarujá. Em 2015 ele levou o caneco para o espaço mais alto do pódio, consolidando o domínio paulista na primeira metade da década. A trajetória de Mineirinho é marcada por uma carreira consistente que manteve o Brasil na liderança do circuito, mesmo diante de outras constelações de talentos ao redor do planeta.
Ítalo Ferreira: nascimento no Rio Grande do Norte e o campeão olímpico
Ítalo Ferreira, nascido em Baía Formosa, litoral do Rio Grande do Norte, levou o título mundial em 2019. Além de seu título no WSL, ele também se tornou campeão olímpico, reforçando o papel do Brasil como potência de referência no surfe moderno. A origem de Ítalo, em uma comunidade litorânea do Nordeste, simboliza o alcance regional do esporte que cruzou o país com a força de suas ondas favoráveis ao desenvolvimento de talentos de alto nível.
Filipe Toledo: Ubatuba e a dupla vitória em sequência
Em 2022 e 2023, Filipe Toledo, nascido em Ubatuba, litoral de São Paulo, somou mais dois títulos para o Brasil. A sequência de vitórias reforça a continuidade da presença brasileira no topo do circuito, consolidando São Paulo como o estado com mais campeões na história recente do surfe nacional. A história de Toledo, marcada por uma formação sólida e uma adaptação constante às diferentes condições, evidencia a maturidade de uma trajetória que já é referência para jovens atletas.
Yago Dora: Curitiba, Florianópolis e o marco de 2025
O mais novo campeão, Yago Dora, nasceu em Curitiba, no Paraná, uma cidade que não fica à beira-mar, mas viu o jovem de 29 anos erguer o título em 2025 com Florianópolis, em Santa Catarina, como palco de suas manobras. Dora representa a dimensão de um surfe brasileiro que transcende fronteiras regionais, com um desempenho que consolida o país como uma força continuada no circuito mundial.
O papel de John John Florence e a pausa de 2020
Entre os anos em que o Brasil espalhava vitórias pelo circuito, houve uma exceção: o havaiano John John Florence venceu o circuito em anos nos quais o Brasil dominou outras gerações, marcando três conquistas em momentos distintos (2016, 2017 e 2024). A pandemia de Covid-19 interrompeu o campeonato em 2020, interrompendo uma sequência sem precedentes. Essas paradas também fazem parte do contexto histórico que moldou a atual configuração do surfe mundial, ressaltando a resiliência de atletas e federações diante de eventos disruptivos.
Distribuição geográfica dos títulos e o domínio paulista
A análise da geografia dos campeões aponta uma liderança clara de São Paulo, seguido pelo Rio Grande do Norte e pelo Paraná. A maioria dos campeões se originou no litoral paulista, onde cidades como Maresias e Guarujá foram berços de talentos que chegaram ao topo mundial. Essa distribuição evidencia como o litoral e a diversidade de costas brasileiras contribuíram para o desenvolvimento de uma geração capaz de levar o Brasil ao pódio repetidamente ao longo de anos decisivos.
Perspectivas futuras: legado, juventude e continuidade
O conjunto de vitórias recentes ajudou a consolidar um legado que vai além dos troféus. O Brasil, já reconhecido como potência do surfe, avança com uma base de jovens atletas, estruturas de treinamento e uma cultura de competição que tende a manter o país na vanguarda do esporte. O grupo Brasil Storm, com suas diferentes gerações, inspira novas promessas e reflete a continuidade da estratégia brasileira de criar, apoiar e manter talentos em alto nível em um território com tantas possibilidades de ondas ao longo do ano.