Com dois meses para o Enem, a reta final dos estudos ganha contornos diferentes: plataformas de inteligência artificial como ChatGPT, Gemini e Claude aparecem como aliadas que prometem economizar tempo, esclarecer dúvidas e enriquecer revisões. O cenário envolve uma pergunta simples, porém crucial: como usar a IA de forma efetiva sem abrir mão do esforço humano? Professores ouvidos pelo g1 destacam uma visão prática: a IA pode acelerar o aprendizado, desde que haja atividade crítica, checagem de informações e integração com o cronograma de estudos. O Exame Nacional do Ensino Médio, que será aplicado em dois dias de novembro, demanda foco, disciplina e estratégias de estudo bem calibradas. A discussão sobre IA acontece justamente neste momento da preparação, quando cada minuto pode influenciar o desempenho; portanto, a IA pode ser parte da estratégia se for utilizada com critério, responsabilidade e supervisão do conteúdo que está sendo estudado. A ideia central é que os alunos usem a IA como uma ferramenta para complementar o estudo, não como substituto, e que a aplicação seja orientada por objetivos claros e checagens constantes de confiabilidade.
Como a IA pode ajudar? Especialistas apontam diversas funções possíveis: resumir conteúdos complexos, criar perguntas no estilo da prova, treinar com exercícios simulados e até colaborar na organização de cronogramas de revisão adaptados às necessidades individuais. Em síntese, a IA pode atuar como uma aceleradora do aprendizado, desde que o usuário tenha controle sobre o que está sendo gerado e avalie criticamente as informações apresentadas. Representantes de centros educacionais apontam que, quando bem utilizada, a ferramenta pode poupar tempo e tornar o estudo mais eficiente, sem comprometer o conteúdo fundamental exigido pelo exame.
Ademar Celedônio, diretor de Ensino e Inovações Educacionais do grupo SAS, explicou: A IA não substitui o estudo, mas pode funcionar como aceleradora: para resumir, treinar, explicar e corrigir. O trunfo está na personalização do estudo. Além de tirar dúvidas rápidas, o aluno pode pedir resumos, questões no estilo da prova ou simulados inteiros, e até criar cronogramas de revisão adaptados às suas necessidades. Um bom uso da ferramenta pode economizar tempo e tornar o estudo mais eficiente.
Outro ponto importante, segundo o professor Viktor Lemos, é que a IA pode oferecer vantagens quando utilizada para aprofundar o conteúdo de forma gradual. Ele afirma: "Um bom uso da ferramenta pode economizar tempo e tornar o estudo mais eficiente", destacando a relevância da personalização. Além disso, Lemos ressalta que a IA pode auxiliar na criação de materiais organizados por tópicos, o que facilita a memorização e a revisão, especialmente quando o tempo é curto.
Existem ressalvas. Atila Zanone, coordenador de conteúdo do Fibonacci Sistema de Ensino, alerta que a IA, como qualquer ferramenta tecnológica, é muito atraente, interessante e divertida, e esse é o perigo. É importante ter cuidado. Nem tudo que aparece ali é 100% confiável. A instrução é sempre conferir informações, checar as fontes utilizadas e as instruções dadas.
✍️ Em relação à redação, uma das principais dúvidas é se o ChatGPT pode corrigir redações. Professores costumam orientar que o candidato produza a maior quantidade possível de textos para treino, dado o peso da redação na nota final do Enem. O obstáculo é que o aluno nem sempre tem um especialista à disposição para ler suas produções — especialmente quem estuda sozinho. A IA pode ajudar nesse aspecto, desde que seja usada como um apoio, por exemplo, ao subir a matriz de referência do Enem para um modelo de linguagem e pedir uma avaliação. Segundo Ademar Celedônio, a IA consegue analisar a estrutura e oferecer uma nota próxima à esperada, o que pode indicar pontos de melhoria. Ele explica: Se um professor der, por exemplo, nota 920 a um texto, a ferramenta pode indicar algo em torno de 880 ou 900, o que não prejudica a sua preparação. O mais importante é que a IA aponte pontos de melhoria em cada competência, permitindo que o aluno refine o próprio texto.
❌ Como não usar a IA para estudar? Para Rodrigo Magalhães, professor e diretor do Colégio e Curso AZ, não é interessante usar a IA para entregar a resposta de um exercício, acelerar ou pular etapas. Assim como não se recomenda o uso de calculadora na prática de questões de matemática e exatas, a ferramenta não deve substituir a resolução passo a passo. É uma artimanha que muita gente tem usado, mas pode mais atrapalhar do que ajudar. Na hora do exame, o aluno precisa, sim, fazer todos os cálculos à mão. Como contraponto, Magalhães sugere o uso do método socrático na interação com a IA: em vez de fornecer respostas prontas, a ferramenta estimula o estudante, fazendo perguntas que o levem a exercitar o raciocínio e a identificar lacunas de compreensão. O objetivo é promover um raciocínio ativo, não uma resposta automática.
Em síntese, especialistas enfatizam que a IA pode ser uma aliada poderosa quando usada com critérios. O caminho é combinar a eficiência da tecnologia com a prática contínua de resolução de questões, leitura crítica e revisão, mantendo cada tópico sob o escrutínio de fontes confiáveis. Assim, a reta final de dois meses pode se beneficiar de uma organização que utiliza IA para reforçar o aprendizado, sem que a ferramenta substitua o esforço humano nem o processo de raciocínio que o Enem exige.
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