O lançamento de Hollow Knight Silksong manteve o debate aceso entre fãs de plataformas desafiadoras e mundos atmosféricos. Este artigo reúne sete Metroidvanias que continuam a tradição do gênero, oferecendo abordagens distintas de dificuldade, ambientação e narrativa. A noite de lançamento reacende expectativas, mas o que realmente fica é a diversidade de propostas que o gênero permite, indo além de Silksong para revelar novas formas de explorar mapas, resolver enigmas e enfrentar inimigos.
Nine Sols
Nine Sols salta aos olhos com um estilo de arte pintado à mão de inspiração oriental, unindo pagodas serenas a instalações industriais sombrias. No centro da narrativa está Yi, um guerreiro de pelos brancos e lâmina voraz, com uma missão de resolver dívidas antigas enquanto atravessa New Kunlun. O jogo não é apenas sobre combate: a progressão abre novos poderes e áreas, integrando plataformas com saltos, deslizamentos e o clássico chute de Tai Chi. Cada combate parece uma coreografia, com esquivas, paradas rápidas e combos que exigem timing preciso. A exploração respira vida: cada zona esconde segredos, melhorias e desafios que testam nervos e reflexos. Nine Sols equilibra beleza e brutalidade, oferecendo uma curva de desafio que promete memórias duradouras a cada vitória difícil.
Ori: The Blind Forest e Ori: The Will of the Wisps
Ori é sinônimo de beleza e emoção, com estilos artísticos envolventes e trilhas sonoras que tocam o coração. A série, que já encantou pela estética e pela trilha de Gareth Coker, apresenta um dilema clássico do gênero: parece um platformer relaxante, mas guarda desafios intensos, especialmente em áreas de fuga e em sequências de evasão que exigem domínio de habilidades recém-adquiridas. A série usa tutoriais rápidos cada vez que uma nova habilidade aparece, garantindo que iniciantes entendam o básico, mas a jornada rapidamente se transforma em uma sequência de ambientes implacáveis. Enquanto alguns momentos pedem paciência para vencer uma saída complexa, os finais carregam um peso emocional que traduz a sensação de concluir uma odisséia repleta de beleza e melancolia. Ori continua sendo uma porta de entrada excelente para novos jogadores, mantendo-se desafiador para veteranos sem perder a acessibilidade.
Animal Well
Animal Well se destaca ao evitar o caminho tradicional de combate intenso; o foco está em enigmas labirínticos que exigem observação, experimentação e paciência. O jogo mergulha o jogador em um mundo subterrâneo intrigante, sem explicações superficiais: você acorda como um ser enigmático então precisa desvendar as regras por conta própria. Não há combate significativo, mas a riqueza está nas camadas de segredos – passagens escondidas, ferramentas peculiares e encontros com criaturas que pedem tentativas criativas. A exploração é ampla, com zonas protegidas por fogo que revelam truques e itens únicos, enquanto a física, iluminação e cores atuam como pistas para novas descobertas. A experiência recompensa curiosidade com revelações crescentes e, mesmo após o crédito, o título continua a convidar o jogador a mergulhar mais fundo na sua teia de enigmas conscientes e bem elaborados.
Laika: Aged Through Blood
Laika: Aged Through Blood coloca o gênero no modo acelerado, conectando corrida de motos a batalhas incessantes em um cenário devastado. A jogabilidade combina manobras de alto risco com tiroteios travados no ritmo, em que recarregar depende de acrobacias no ar, equilibrando vitória e derrota. Pontos de checagem generosos e recuperação de recursos que não atrasam a experiência garantem que a ação permaneça fluida. Entre o visual com paisagens pintadas à mão e as lutas intensas, a história acompanha uma mãe coyote que carrega a imortalidade enquanto protege sua filha e a comunidade, em meio a uma espiral de violência. A trilha sombria de Beícoli reforça o tom de estrada, enquanto missões secundárias e vínculos familiares adicionam camadas emocionais à jornada, com chefes memoráveis e design de fases desafiador que mantêm o jogador ligado até o fim.
BioGun
BioGun surpreende ao se apresentar como uma experiência que foge do dungeon crawl tradicional. Você não está apenas invadindo castelos ou salvando reinos; é um “vaccine inteligente” infundido com bacon, embarcado em uma espiral de tiro twin-stick que se expandem pela paisagem biológica do jogo. A exploração surge como motor principal, perseguidas por inimigos para serem abatidos com upgrades que se acumulam ao explorar cada canto do ambiente. A premissa é tão singular quanto cativante: dentro de um corpo biológico, os órgãos são cenários vivos com missões paralelas, como encontrar filhotes de fequi, ou aceitar pequenas tarefas que geram perguntas adicionais. Mesmo com um tom brincalhão, BioGun oferece pontos de salvamento mais generosos, várias tentativas e mecânicas que impulsionam o jogador sem sacrificar a qualidade do desafio. O resultado é uma mistura de diversão, sagacidade e satisfação ao ver o jogo cumprir o que promete: uma abordagem de Metroidvania que valoriza curiosidade tanto quanto aperto de alavancas.
Rusted Moss
Rusted Moss talvez não seja o título com as músicas mais grandiosas ou visuais mais chamativos, mas se firma como uma obra afiada no radar de quem busca uma visão diferente do gênero. O elenco tem voz marcante, com humor ácido que contrasta com uma narrativa que não hesita em questionar quem é o herói ou o vilão. O grande destaque é o gancho de grappling, uma ferramenta de momentum que funde tiro dual-stick com plataformas acrobáticas em uma dança de movimentos. A física exagerada, embora desafiadora, oferece uma experiência equilibrada que incentiva a experimentação, permitindo que cada movimento se torne um pequeno quebra-cabeça. A promessa de múltiplos finais impulsiona a rejogabilidade, expandindo o arco narrativo com reviravoltas que pedem novas leituras. Em resumo, Rusted Moss prova que estilo consegue coexistir com pensamento estratégico, criando uma experiência que prende o jogador do começo ao fim.
Ender Magnolia: Bloom in Mist
Ender Magnolia: Bloom in Mist, sequência de Ender Lilies, é descrita como entrar num anime jogável, com arcos dramáticos e batalhas épicas. Você controla Lilac, uma Attuner que purifica Homunculi e os transforma em aliados, com cada luta contra chefes apresentando uma espécie de cliffhanger que amplia o elenco. O mundo ganha um visual mais vibrante, em comparação com o tom sombrio original, com cenários em aquarela e trilha sonora que se mantém marcante. O combate é fluido e estratégico, com Lilac conduzindo seus Homunculi em batalhas que variam entre rajadas de gelo, escudos protetores e sinergias entre aliados. A precisão de deslocamento, timing e evasão continua exigente, mas quando domina, as lutas se desenrolam como cenas coreografadas. Além da história, Ender Magnolia melhora em comparação ao título anterior com um mapa mais claro e opções de dificuldade adicionais, elevando a rejogabilidade e facilitando a imersão do jogador em seu universo.
As propostas apresentadas moldam uma visão holística do que o gênero Metroidvania pode oferecer hoje: experiências que variam do aventureiro ao brutal, do contemplativo ao frenético, mantendo o foco na exploração, na construção de habilidades e na curiosidade do jogador. Mesmo que cada título seja distinto, todos compartilham a ideia central de que o mundo é uma planta que cresce à medida que o jogador aprende a ler seus segredos.