Caio Bonfim fecha o Mundial de Tóquio com prata na marcha 35km
Caio Bonfim conquistou a prata na marcha atlética de 35km no Mundial de Atletismo de Tóquio, uma distância pela qual não é especialista, fechando a prova em 2h28min55s. O brasileiro terminou atrás do canadense Evan Dunfee, que venceu com 2h28min22s. O resultado representa a terceira medalha de Mundiais para o atleta natural de Sobradinho, Distrito Federal, consolidando uma trajetória de destaque no cenário internacional.
O Mundial de Tóquio, realizado na virada entre 2025 e 2026 conforme o calendário da competição, abriu espaço para uma prova de grande complexidade na marcha atlética masculina, com a participação de atletas de diversas nações e um cenário de evolução técnica na modalidade. Caio, atual vice-campeão olímpico na marcha de 20km, mostrou-se capaz de competir em uma distância diferente da sua especialidade, ampliando o repertório de resultados positivos para o Brasil.
A prova de 35km, pela qual Caio não é especialista, exigiu uma leitura tática apurada. O brasileiro iniciou a corrida mantendo-se próximo do grupo de frente nas primeiras voltas de um circuito que exigia resistência prolongada e gestão de ritmo. Ao cruzar a metade da prova, ainda em posição de pelotão intermediário, Caio demonstrou consistência e foco em manter-se competitivo entre os líderes em um desafio inédito para ele.
A etapa decisiva ocorreu no momento de maior pressão, quando Caio deixou para trás a inércia da primeira metade e iniciou uma progressão decisiva. Por volta do quilômetro 20, ele ascendia para quinto lugar, impondo ritmo aos líderes e transformando a prova em uma disputa com várias trocas de posição. Em meio à disputa, o chinês Jinrui Zhang foi desclassificado após a terceira advertência, abrindo espaço para uma configuração de pódio mais clara. O canadense Dunfee manteve a dianteira e, a partir desse ponto, Caio intensificou a perseguição.
Com o relógio marcando menos de 10 quilômetros para o fim, Caio chegou a ocupar a quarta posição, enfrentando uma sequência de decisões táticas entre os adversários. O japonês Masatora Kawano, que também lutava pela liderança, passou por momentos de mal-estar, inclusive com vômitos, mas não perdeu o ritmo e permaneceu entre os primeiros. O líder da prova, o equatoriano Davi Hurtado, foi punido por infração pouco antes do fim, o que facilitou a ascensão de Kawano e Katsuki para o topo do pelotão.
Na reta final, Evan Dunfee manteve a dianteira e abriu caminho para uma batalha direta pelo pódio com Katsuki, enquanto Caio mantinha a cadência necessária para avançar. O sul-coreano chegou a ultrapassar Caio, mas o brasileiro reagiu rapidamente, recuperando a quarta posição. Na parte decisiva, Caio realizou uma arrancada final que lhe rendeu duas posições e o colocou na segunda colocação, atrás apenas do campeão Dunfee, em uma conclusão emocionante no Estádio Nacional de Tóquio.
Eu lutei muito. A gente sabe o quanto é difícil chegar, e o quanto é difícil se manter entre os melhores do mundo. Depois de uma prata olímpica, como manter? Em 2022, em 2023, em 2024 eu ganhei medalhas. E hoje, além de ser uma medalha inédita, foi em uma prova inédita.
Hayato Katsuki completou o pódio com 2h29min16s, fechando o quadro de medalhas na noite de Tóquio. Além da prata de Caio, o desempenho brasileiro ganhou destaque ao igualar Claudinei Quirino como brasileiro com mais pódios em Mundiais. Caio já havia conquistado bronze nos 20km em Londres 2017 e Budapeste 2023, consolidando uma coleção expressiva de resultados no cenário global da marcha atlética.
Na disputa entre os brasileiros na prova de 35km, Matheus Correa ficou em 15º com 2h36min35s e Max Santos terminou na 27ª colocação, com 2h41min04s. Entre as mulheres, Viviane Lyra ficou em 13º na marcha 35km com 2h51min16s e Mayara Vicentainer terminou em 26º com 3h08min54s. Elianay Barbosa completou o percurso em 36º, com 3h20min32s, demonstrando a participação brasileira ampla no evento.
O desempenho de Caio foi descrito como uma prova estratégica e de progressão: o atleta saiu de uma posição inicial de desafio para uma atuação de alto nível na última metade da escolha, destacando a importância de manter o foco e a leitura da prova até a linha de chegada. O resultado também serviu para reforçar a percepção de que a marcha atlética brasileira está consolidada como uma força competitiva em Mundiais, com a expectativa de novas oportunidades em futuras edições.
Izabela da Silva também brilhou na noite de Tóquio ao avançar à final do disco com 63,75m no segundo lançamento, assegurando uma das 12 vagas da etapa. Na qualificatória do grupo B, Andressa de Morais terminou em 37º, com 52.99m como melhor de suas três tentativas, consolidando a presença brasileira na arena de lançamento de peso e reforçando o bom desempenho do país em diferentes modalidades. A cobertura completa de outras disciplinas segue com atualizações posteriores à prova.
Perspectivas futuras: além da prata na distância de 35km, Caio Bonfim segue competindo nos 20km, com a próxima etapa marcada para sexta-feira seguinte, conforme o calendário do Mundial. A continuidade da participação dele na marcha atlética de topo, combinando resultados em diferentes distâncias, reforça a expectativa de novas medalhas em edições futuras, consolidando a posição do Brasil como protagonista na marcha atlética mundial.