Resumo da previsão e o que esperar
A última semana do inverno será marcada por uma intensa onda de calor que deve elevar as temperaturas em uma vasta porção do território nacional. O fenômeno, que deve se consolidar a partir de quinta-feira, 19 de setembro, promete trazer recordes em cidades do Centro-Oeste e do interior de São Paulo, com termômetros superando facilmente a marca dos 40°C em várias localidades.
Para entender o que vem pela frente, a definição meteorológica de onda de calor é clara: ocorre quando a temperatura fica pelo menos 5°C acima da média por cinco dias ou mais. A previsão aponta que esse novo episódio se forma por causa do posicionamento de uma massa de ar quente e seco sobre o continente, aliado à circulação atmosférica típica do período de transição entre o inverno e a primavera.
Ao contrário de episódios recentes, que já traziam elevações pontuais, o cenário atual aponta para uma sequência prolongada de dias quentes, sem os habituais intervalos de alívio térmico que caracterizavam o padrão anterior. Essa característica torna o episódio mais desafiador em termos de adaptação da população e de impactos nos sistemas de iluminação, energia e saúde pública.
“A gente está entrando em um período de calor bem intenso nos próximos dias.”
— Marcely Sondermann, meteorologista da Climatempo.
Regiões afetadas, datas-chave e máximas previstas
O fenômeno deve atingir parte do Rio Grande do Sul, todo o norte do Paraná e se estender até o sul do Maranhão. Em Cuiabá (MT), modelos indicam que já nesta terça-feira, 16, e na próxima quarta-feira, 17, as máximas podem chegar a 38°C. A partir de quinta, quando a onda se consolida, as temperaturas devem permanecer acima de 40°C por vários dias consecutivos, sem prejuízo de chuva significativa para a maior parte do interior.
Em Campo Grande (MS), os termômetros deverão oscilar entre 35°C e 37°C até sexta-feira. Goiânia (GO) e Brasília (DF) manterão máximas entre 32°C e 35°C, sempre acompanhadas por baixa umidade relativa. No Sudeste, o calor tende a ser mais intenso no interior de São Paulo e no Triângulo e Sul de Minas, com reflexos perceptíveis até a capital.
No interior de São Paulo, o calor pode alcançar ou superar a média histórica, com a capital registrando temperaturas entre 3°C e quase 5°C acima do usual. Segundo a meteorologista Marcely Sondermann, da Climatempo, “a situação é de aquecimento significativo que se estende por vários dias” e exige atenção para saúde, consumo de energia e planejamento diário de atividades ao ar livre.
São Paulo pode alcançar até 33°C na sexta-feira, enquanto Belo Horizonte (MG) deve ficar entre 29°C e 31°C no meio da semana. No Rio de Janeiro (RJ), as máximas devem retornar a cerca de 31°C na sexta, após dois dias de maior nebulosidade e chuva passageira nos momentos de menor insolação. A variação entre estados da região Sudeste evidencia o alcance da onda para áreas urbanas densas.
Essa oscilação de calor extremo, associada ao regime de chuva irregular que costuma acompanhar o período, tende a tornar-se mais comum na primavera. O fenômeno se confirma como uma marca desta estação, segundo relatos de especialistas, com ciclos de calor intenso seguidos por quedas repentinas de temperatura, trazendo mudanças rápidas de clima em diferentes áreas do país.
— Marcely Sondermann, meteorologista da Climatempo.
Sul, Norte e Nordeste: padrões de chuva e calor
No Sul, o calor pode avançar entre quarta e quinta-feira, antes de a chuva retornar no fim de semana, o que pode interromper a sequência de altas temperaturas. Já no Norte e no Nordeste, o calor tende a ser mais sentido no interior, com destaque para o Tocantins, o oeste da Bahia, o sul do Maranhão e do Piauí. A faixa litorânea, por sua vez, tende a manter ventilação oceânica e pancadas rápidas de chuva, ajudando a limitar as máximas em alguns momentos do dia.
Nesta terça, 16, as pancadas aparecem de forma irregular e localizada, ganhando força em pontos do interior de São Paulo, no centro-sul de Minas e no Rio de Janeiro à noite, além de áreas do oeste e noroeste de Mato Grosso e regiões do Amazonas, Acre e Rondônia. Em Santa Catarina e Paraná, a chuva ainda ocorre em alguns momentos do dia, mas a tendência é de tempo mais aberto conforme as horas passam.
No Espírito Santo, a chuva ganha corpo na quinta-feira, 18, com períodos de céu nublado. No Rio Grande do Sul, o tempo se firma entre terça à tarde e quinta-feira, com a chuva voltando com força na sexta-feira, 19. Modelos indicam que os temporais mais amplos e volumosos devem se consolidar apenas na semana seguinte, já com a chegada da primavera.
LEIA TAMBÉM: Conta de luz mais cara? Entenda como a mudança do clima afeta o seu bolso. No Rio de Janeiro, as pancadas devem ocorrer entre a tarde e a noite desta terça, com máxima de 31°C; quarta e quinta dão continuidade ao tempo com sol, chuva rápida e temperaturas entre 27°C e 25°C, e a sexta-feira retorna ao calor, com máximas próximas de 31°C.
No interior de Belo Horizonte, as pancadas tendem a ocorrer no fim do dia, com 30°C nesta terça e 31°C na quarta. Entre quinta e sexta, a umidade permanece elevada, a nebulosidade persiste e as máximas variam entre 29°C e 27°C. Vitória (ES) terá chuva passageira hoje e amanhã, com queda de temperatura prevista para a quinta-feira, quando o tempo fica mais fechado e com picos de máxima em torno de 25°C.
No Norte, áreas de instabilidade permanecem ativas entre o Amazonas, o Acre e Rondônia, com risco de pancadas fortes e raios. Manaus (AM) tem 33°C hoje com tempo mais firme, devendo chover a partir de quarta-feira; Rio Branco (AC) alterna sol e chuva ao longo da semana, com máximas entre 31°C e 33°C.
No Nordeste, a chuva permanece concentrada no litoral leste, com Salvador (BA), Recife (PE), Maceió (AL) e João Pessoa (PB) registrando sol pela manhã e chuva rápida em diferentes momentos do dia, com temperaturas entre 27°C e 31°C. No interior, o ar seco domina: Teresina (PI) atinge 37°C hoje e pode chegar a 38°C entre quinta e sexta. Em Natal (RN) e Fortaleza (CE), o tempo fica mais firme, com sol, variação de nuvens e máximas entre 28°C e 31°C.
Também é importante observar que o padrão de tempo descrito é compatível com os modelos de previsão atuais, que indicam uma tendência de queda das temperaturas apenas com a passagem de frentes frias mais frequentes ao longo da primavera. A previsão, claro, depende de variáveis atmosféricas que podem oscilar conforme o avanço dos próximos dias.
LEMBRETE: os efeitos de ondas de calor podem variar conforme a região, exigindo medidas simples de proteção como hidratação, evitar atividades ao ar livre nos horários centrais do dia e revisar hábitos de consumo de energia para evitar sobrecarga de redes de distribuição.
Em termos de perspectiva de longo prazo, especialistas observam que episódios de calor extremo devem se tornar mais comuns com a aproximação da primavera, com variações para além do habitual, e que o monitoramento das condições climáticas seguirá atento a possíveis mudanças na circulação de massas de ar. A continuidade de padrões de aquecimento intenso por períodos prolongados pode exigir ajustes em políticas públicas de saúde, energia e gestão de riscos climáticos.