Resumo dos fatos na ONU
Durante a abertura da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou fortemente o presidente Donald Trump pela ofensiva contra o Brasil, enquanto secretários de Estado e autoridades americanas acompanhavam de perto o desenrolar do discurso. No salão, Marco Rubio e Scott Bessent, nomes centrais na aplicação da Lei Magnitsky, estavam presentes, observando o que era dito sobre o Brasil. Rubio é visto como a principal voz da diplomacia americana na seleção de alvos para sanções e Bessent, por executar as restrições, destacaram-se na cobertura. Ao final, Trump mencionou que se reuniria com Lula na próxima semana, um encontro que os observadores qualificaram como um “bom começo”.
Na cobertura institucional, Rubio descreveu o discurso de Trump como incrível e afirmou que o presidente americano está estabelecendo um modelo para o mundo livre, destacando temas como imigração ilegal e negacionismo climático, porém sem mencionar a intervenção sobre Lula e o Brasil. Rubio, na função de chefe da diplomacia, tem a atribuição de indicar alvos para as sanções sob Magnitsky, que entram na lista das chamadas sanções Ofac, geridas pelo Escritório de Controle de Ativos Externos do Tesouro.
Bessent, por sua vez, é responsável pela execução das restrições Ofac nos EUA e participou da construção do tarifário de cinquenta por cento sobre produtos brasileiros imposto por Trump. A legislação, criada no governo de Barack Obama para punir autoridades estrangeiras violadoras de direitos humanos, tem sido usada neste segundo mandato de Trump contra adversários de Washington como Moraes e Karim Khan, procurador do Tribunal de Haia pelo pedido de prisão de Benjamin Netanyahu por crimes de guerra na Faixa de Gaza.
Em sua fala, Lula disparou críticas às retaliações americanas.
“Mesmo sob ataque sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender sua democracia, reconquistada há quarenta anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e nossa economia. A agressão contra a independência do Poder Judiciário é inaceitável.”
Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade.
Na sequência, o petista destacou que Bolsonaro foi investigado, indiciado, julgado e condenado em um processo independente com amplo direito de defesa, sem mencionar o ex-presidente pelo nome.
“Diante dos olhos do mundo, o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e àqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis. Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela.”Alfinetou. Até o fechamento desta reportagem, as falas de Lula não haviam sido rebatidas por Rubio, Bessent ou auxiliares dos secretários nas redes sociais.
O discurso de Lula, portanto, encerrou com o recado de que o Brasil segue firme na defesa de sua democracia e de sua soberania, em meio a tensões com Washington. A presença de autoridades norte-americanas no salão da ONU e o uso da Lei Magnitsky para punir adversários de Brasília ilustram o contexto de confrontos diplomáticos em um cenário internacional cada vez mais suscetível a retóricas e pressões estratégicas, sem que, até o momento, haja desdobramentos formais anunciados.