A Neon, fintech fundada por Pedro Conrade há quase uma década, revelou números do primeiro semestre que sinalizam tanto crescimento quanto uma transformação estratégica. A empresa registrou 1,7 bilhão de reais em receitas, um salto de 38% em comparação ao semestre anterior e um avanço de 64% frente ao mesmo período de 2024. Apesar do expressivo aumento de faturamento, a Neon registrou um prejuízo de 35 milhões de reais no período, com a maior parte das perdas concentradas no segundo trimestre. A companhia, no entanto, projeta dobrar seu tamanho em dois anos e, para isso, anuncia um reposicionamento da marca voltado a mira de clientes das classes C+ e B-.
Resultados financeiros e a jornada de crescimento
Segundo a Neon, as intermediações financeiras responderam por grande parte da receita, com o crescimento sustentado pelo aumento de atividade na corretagem e em serviços correlatos. A divulgação do resultado semestral coincidiu com a estratégia de reposicionamento da marca, que busca ampliar a base de clientes nas faixas de renda acima do que historicamente a empresa contemplava. O salto de 38% na comparação com o semestre anterior demonstra a trajetória de expansão, enquanto o patamar de 64% de crescimento frente a 2024 reforça o ritmo da empresa no período.
Há também menção de captação de recursos que chamou a atenção de investidores institucionais: a Neon atraiu um braço do Banco Mundial como investidor e captou 720 milhões de reais em rodada. Esse movimento aparece no contexto do plano de expansão e do reposicionamento, que visa acelerar a entrada da Neon em faixas de renda mais altas sem abandonar o foco em inclusão financeira.
Reposicionamento de marca e estratégia de branding
O reposicionamento de marca é uma das apostas centrais da Neon neste semestre. A fintech contratou a agência Ana Couto para criar uma nova identidade visual e lançou, em seguida, o curta publicitário “A Janela” da Unboring Company, estúdio de criação de Wladimir Winter e Luiz Villano. O objetivo é comunicar a mudança de foco da empresa e atrair uma nova fatia de clientes, sem perder a base de usuários atual.
A criação de uma nova identidade visual faz parte de uma estratégia que, segundo executivos, busca traduzir a visão de crescimento da Neon. A iniciativa de branding acompanha também a imprensa e o marketing de aquisição, com campanhas que reforçam a percepção de inovação aliada a soluções financeiras para diferentes perfis de renda.
Perspectivas de liderança e rentabilidade
O CEO Fernando Miranda comentou a ambição de longo prazo da Neon: em entrevista à coluna em maio, ele afirmou que a empresa pretende “subir na pirâmide de renda” como parte da estratégia de dobrar de tamanho em dois anos. A atuação da Neon nesse sentido envolve não apenas o reposicionamento de marca, mas também a ampliação de produtos e serviços que atraiam clientes das classes C+ e B- sem comprometer a rentabilidade.
Oscilações desse tipo são comuns no setor, mas o que importa é a tendência de rentabilidade e expansão
Sobre a performance financeira, Wilton Pinheiro, vice-presidente de produtos e diretor de tecnologia, ponderou que as oscilações de curto prazo são naturais no segmento. Em comunicado, ele afirmou que o foco está na trajetória de rentabilidade e no ritmo de expansão da empresa, destacando que o período apresentou a dinâmica típica de um ciclo de crescimento em fintechs.
Linha do tempo e próximos passos
Os números do semestre também mostram que, nos primeiros três meses do ano, a Neon registrou lucro líquido de 9,3 milhões de reais, sinalizando uma recuperação de parte do desempenho após o fim de 2024 ter registrado o primeiro lucro da história da companhia. Já no segundo trimestre, as perdas voltaram a ocorrer, levando ao saldo negativo no semestre, embora ainda com queda expressiva em relação aos resultados de 2024.
Com o reposicionamento em andamento, a Neon pretende ampliar a sua atuação em intermediações financeiras e serviços, mantendo o foco na base de clientes de renda média e alta, sem perder o compromisso com inclusão financeira. A expectativa de dobrar de tamanho em dois anos permanece como norte estratégico, que pode atrair novos investidores e acelerar o crescimento de receita nos próximos trimestres.
Para reforçar a credibilidade do plano, a Neon confirmou o envolvimento de uma agência de branding de renome e a parceria com a Unboring Company na produção do conteúdo publicitário. A combinação de branding, campanhas criativas e um portfólio de serviços mais amplo é apresentada pela empresa como a chave para sustentar a expansão prevista, mesmo diante de um cenário competitivo no ecossistema de fintechs no Brasil.
Em síntese, o semestre reflete uma empresa em transformação: números de receita crescentes, uma trajetória de redução de perdas, e uma estratégia clara de reposicionamento para alcançar clientes de renda mais elevada. O futuro dependerá da capacidade de manter a taxa de crescimento, melhorar a rentabilidade e consolidar a presença da Neon na nova pirâmide de renda que a empresa pretende dominar.