Investir no equilíbrio psíquico da população pode gerar ganhos significativos e reduzir perdas relacionadas ao bem-estar e à produtividade. Esta é a essência do fenômeno conhecido como economia invisível da saúde mental, que, apesar de frequentemente ser ofuscada pela percepção centrada nas doenças, importa cada vez mais para o panorama econômico brasileiro.
De acordo com Arthur Guerra, autor e especialista no tema, muitos brasileiros já estão direcionando parte de seus rendimentos mensais para cuidados com a saúde mental. Dados de uma pesquisa realizada pelo Valor Investe em 2024 apontam que quatro em cada dez brasileiros separaram um montante de suas finanças mensais para esse propósito, sendo que 53% destes afirmam gastar até R$ 300 por mês em terapia, medicamentos, e atividades físicas.
Além disso, o mercado de aplicativos de wellness está prestes a passar por uma transformação impressionante, projetando-se que seu valor salte de US$ 4,1 bilhões em 2024 para US$ 17,5 bilhões até 2031, como revelado por um relatório da Verified Market Research. Isso indica que os cidadãos mundialmente estão mais dispostos a investir em ferramentas digitais que promovem o cuidado mental e emocional.
Entretanto, é crucial considerar os custos indiretos associados à saúde mental. Apenas no Brasil, em 2024, cerca de 450 mil pedidos de afastamento foram feitos, refletindo um impacto econômico severo. Estima-se que transtornos como ansiedade e depressão custem às economias globais próximo a 1 trilhão de dólares. As licenças médicas não só afetam a produtividade das empresas, mas também impactam o cotidiano das famílias, que enfrentam desafios em suas vidas diárias devido a esses transtornos.
À medida que se aproxima o Dia Mundial da Saúde Mental, em 10 de outubro, surge uma reflexão fundamental: quem realmente arcaria com os custos dessa situação? O reconhecimento da economia invisível relacionada à saúde mental é um chamado para a criação de políticas públicas mais eficazes e preventivas nesta área. As evidências mostram que, para cada dólar investido em saúde mental, é possível gerar de 4 a 5 dólares em retorno em termos de bem-estar e produtividade.
Dessa forma, a questão não se resume a debater se deveríamos ou não investir em saúde mental; a discussão crucial é por que ainda não começamos a fazer isso de forma mais abrangente. É um desafio que, se tratado com a devida atenção, pode trazer enormes benefícios tanto para a saúde individual quanto para a economia como um todo.