As altas temperaturas têm um impacto profundo na saúde brasileira, resultando em morte devido ao estresse proporcionado no organismo e ao agravamento de doenças preexistentes. O fenômeno vem pressionando a rede pública de saúde, demandando uma preparação adequada das cidades.
Estudos recentes demonstram que até mesmo indivíduos saudáveis podem enfrentar sérias complicações quando expostos a calor intenso por longos períodos. Na cidade de São Paulo, foi identificado um aumento na mortalidade em decorrência do calor, que se intensifica especialmente entre aqueles com doenças cardiovasculares.
"A saúde é uma das áreas mais afetadas pelas mudanças climáticas e gera mobilização social", destaca Paulo Saldiva, professor do Departamento de Patologia da USP e referência em estudos sobre o impacto ambiental na saúde humana no Brasil. Segundo Saldiva, o Sistema Único de Saúde (SUS) possui uma base de dados robusta, porém é necessário que o sistema se ajuste às novas realidades climáticas: "Ele foi estruturado para monitorar riscos associados a doenças transmitidas por mosquitos e problemas de saneamento, mas não para lidar com a elevação das temperaturas. "
A pesquisa de Saldiva e sua equipe indicam que, em São Paulo, as oscilações climáticas elevam em até 50% o risco de mortalidade. Adicionalmente, um relatório do Observatório Lancet de Saúde e Mudança Climática revela que entre 2012 e 2021, o Brasil registrou uma média de 3.600 mortes anuais ligadas ao calor, uma cifra 4,4 vezes maior do que entre 1990 e 1999.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) também acentua que o aumento das temperaturas contribui para uma elevação nos casos de violência e problemas de saúde mental. Saldiva enfatiza: "A adaptação às mudanças climáticas é vital para prevenir o sofrimento humano, doenças e mortes, e deve ser implementada com urgência."