A votação do projeto Antifacção na Câmara dos Deputados foi adiada, após a maioria dos parlamentares concordar em realizar uma análise mais aprofundada do texto. A nova data para a discussão do documento, que enfrenta críticas e sugestões de mudanças, está marcada para a próxima terça-feira, dia 18.
O deputado Guilherme Derrite (PP-SP), relator da proposta e secretário de Segurança Pública de São Paulo, anunciou que acolheu diversas sugestões feitas por parlamentares de diferentes partidos, incluindo aqueles que fazem parte da base do governo Lula. "É fundamental garantir que todos tenham a oportunidade de discutir os detalhes dessa proposta", afirmou Derrite.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), também manifestou apoio ao adiamento, ressaltando que não há pressa para votar e que o projeto será debatido de forma ampla. Motta destacou a importância de uma discussão detalhada para evitar decisões precipitadas.
Entre os deputados que solicitaram o adiamento, estão Jos Guimarães (PT-CE) e Lindbergh Farias (PT-RJ), que acreditam que é necessário aprimorar o texto do projeto. Farias, por exemplo, apontou a preocupação com a diminuição do poder da Polícia Federal em investigações contra organizações criminosas, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV), algo que, segundo ele, não está mais claro na nova versão do projeto.
Por outro lado, alguns parlamentares, como o líder do governo, Stênio Cavalcante (PL-RJ), defendem que certos aspectos da proposta devem ser discutidos no plenário, principalmente a retirada de recursos da Polícia Federal, que, segundo eles, seria uma medida que enfraqueceria a coordenação nacional de combate ao crime.
A proposta de transformação de facções criminosas em terroristas foi retirada do texto, gerando divergências entre os parlamentares. O autor do projeto, Danilo Forte (União-CE), não concorda com o adiamento e criticou aqueles que defendem mais tempo para discussão, ressaltando que o crime organizado é uma realidade inegável.
Além disso, governadores de diferentes estados se reuniram com o presidente da Câmara e pediram um prazo maior para análise do projeto. O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, solicitou 30 dias para discutir a matéria e afirmou que é importante ouvir o Judiciário e os secretários de Segurança antes da votação. Outros governadores, como Ronaldo Caiado (GO) e Romeu Zema (MG), também se mostraram preocupados com a rapidez da tramitação da proposta, julgando que o tema deve ser tratado como uma questão de governabilidade e não eleitoral.