O ex-policial militar Tiago Morais Lopes foi absolvido pela segunda vez da acusação de matar o barbeiro Matheus Gustavo Silva, durante um incidente ocorrido em julho de 2020, em Franca, São Paulo. O juiz determinou que o réu agiu em legítima defesa, afirmando ter reagido a uma tentativa de assalto. Este é o segundo julgamento de Lopes, com o primeiro sendo anulado pelo Tribunal de Justiça de São Paulo no ano passado.
A defesa da família da vítima, entretanto, manifesta seus planos de recorrer da decisão. "Se tiver 1% de chance, nós vamos recorrer novamente", afirmou Cesar Costa, padrasto de Matheus, que expressou sua indignação após o veredicto. A defesa já havia recorrido anteriormente após a anulação do primeiro júri, que ocorreu em junho de 2023, quando o ex-PM foi inicialmente inocentado.
O advogado da família, Hugo Amorim Côrtes, disse que estiveram presentes as evidências que demonstram o que realmente aconteceu, mas a justiça decidiu pela absolvição novamente. "Foi feito tudo que estava ao alcance. Foi demonstrado aos jurados realmente o que aconteceu, e a Justiça decidiu pela absolvição", explicou Côrtes.
A mãe de Matheus, Simone da Silva, também se manifestou, mencionando a dor e a esperança de que um novo julgamento possa ocorrer. "Deus me deu força para fazer, novamente, a Justiça. Saio daqui hoje com o coração sangrando, mas de cabeça erguida", ela disse, reafirmando a certeza de que seu filho foi uma vítima. O ex-PM, que foi expulso da corporação policial em março de 2024 devido a um processo disciplinar, ainda pode buscar sua reintegração à polícia, conforme afirmado por sua defesa, que considerou a absolvição uma vitória legal.
O crime ocorreu na Avenida Brasil, zona Leste de Franca, e uma gravação de câmeras de segurança registrou a discussão entre Matheus e Tiago antes dos disparos. A versão do ex-policial de que agiu sob a ameaça de um assalto é contestada pela família da vítima, que descreve o evento como uma execução.
A situação gerou intenso debate sobre a atuação de policiais em casos de segurança pública e defesa pessoal, levantando questões sobre a legitimidade de suas ações em situações de confronto. A comunidade de Franca, em particular, está em discussão fervorosa sobre os direitos das vítimas e o papel da justiça em honrar essas vidas.