TIC Trens inicia operação da Linha 7-Rubi em São Paulo
A partir desta quarta-feira (26), a Linha 7-Rubi de São Paulo passa a ser operada pela iniciativa privada, com a TIC Trens assumindo a gestão total. Anteriormente, a linha era administrada em parceria pela concessionária e a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), desde o acordo de concessão firmado no final de agosto. O consórcio TIC Trens é constituído pelo Grupo Comporte, que controlará 60% da operação, e pela empresa chinesa CRRC Hong Kong, responsável pelos 40% restantes.
O Grupo Comporte é conhecido por gerenciar diversas operações de transporte, incluindo o metrô de Belo Horizonte e o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) da Baixada Santista. Por sua vez, a CRRC é uma gigante na fabricação de trens, com presença consolidada em várias partes do mundo. O consórcio foi o único a apresentar proposta durante o leilão realizado em fevereiro de 2023, garantindo a concessão por um período de 30 anos.
A Linha 7-Rubi conecta 17 estações, abrangendo um trajeto de 57 quilômetros entre Palmeiras-Barra Funda e Jundiaí. Atualmente, 30 trens de oito carros, todos pertencentes à antiga frota da CPTM, operam na linha. A transição para a gestão da TIC Trens levou ao fim do serviço 710, que anteriormente permitia viagens diretas de Jundiaí a Rio Grande da Serra, gerando descontentamento entre os passageiros que agora precisam fazer transferência na estação Barra Funda, um ponto crítico durante os horários de pico.
Para melhorar a experiência dos usuários e diminuir a superlotação na estação Barra Funda, a TIC Trens anunciou investimentos em novas escadas. Eric Nicolau, gerente executivo de operações da concessionária, destacou a importância de ajustes no ponto de parada das linhas para otimizar o fluxo de passageiros:
“Devemos fazer a mudança do ponto de parada da linha 7 e da linha 10, avançando um pouco mais na plataforma para melhorar a circulação.”
A concessão da Linha 7-Rubi foi feita pela administração do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em fevereiro de 2024, após um leilão onde o consórcio C2 Mobilidade sobre Trilhos também se destacou. Este consórcio, igualmente formado pela CRRC e pela Comporte, propôs assumir a operação da linha e construir o projeto do Trem Intercidades (TIC), que pretende encurtar o tempo de viagem entre São Paulo e Campinas para 1 hora e 4 minutos, mantendo uma velocidade média de 140 km/h, com passagem prevista de R$ 64 e investimento de R$ 14,2 bilhões.
Um estudo realizado pela concessionária identificou que sete estações da Linha 7-Rubi necessitam de melhorias em acessibilidade. A estação Vila Clarice, por exemplo, enfrenta problemas com um desnível de mais de 30 centímetros entre o trem e a área de embarque, além de uma plataforma parcialmente descoberta — uma situação recorrente em áreas menos centrais da capital. As modernizações nas estações estão programadas para iniciar em maio do próximo ano.
Além da Linha 7-Rubi, a TIC Trens também será responsável pela operação do Trem Intercidades, que fará a ligação entre Campinas e São Paulo, com uma parada em Jundiaí. O tempo de trajeto estimado é de 64 minutos, com capacidade para 860 passageiros e uma velocidade máxima de 140 km/h, também com passagem prevista de R$ 64. As obras do Trem Intercidades estão agendadas para começar no primeiro semestre do próximo ano, com operação iniciando em maio de 2031.
A TIC Trens também assumirá a linha do Trem Intermetropolitano, que conectará Jundiaí a Campinas, contando com paradas em Louveira, Vinhedo e Valinhos. Esta linha terá capacidade para mais de 2 mil passageiros por viagem e o trajeto será realizado em pouco mais de 30 minutos, com velocidade variando entre 44 km/h e 80 km/h, com passagem estimada em R$ 14.
Apesar da operação agora ser completamente gerida pela TIC Trens, a fiscalização e a responsabilidade pela qualidade do transporte continuam a cargo do governo de São Paulo. A Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp) será responsável por monitorar os padrões de qualidade da Linha 7. Em entrevista, Fernanda Rodrigues, representante da agência, deixou claro:
“A concessionária deve atender a esses indicadores de qualidade. Caso não atenda, sofrerá deduções em suas receitas.”