Justiça bloqueia SAF do Botafogo de negociar jogadores sem aviso
A disputa entre o Botafogo Futebol e Regatas e a Sociedade Anônima do Futebol (SAF), sob a gestão de John Textor, ganhou um novo desdobramento. A 21ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro decidiu, nesta quinta-feira, que a SAF do clube está proibida de vender jogadores sem a prévia autorização judicial.
O pedido foi um desdobramento de uma ação movida pelo clube social, que busca um maior controle sobre as finanças da SAF. Embora a SAF possa continuar realizando negociações, a decisão exige que todas as vendas de atletas sejam previamente comunicadas ao clube social e à Justiça. O desembargador Marcelo Almeida de Moraes Marinho foi o responsável pela decisão, que promete impactar as finanças do Botafogo no próximo ano.
Em uma tentativa de garantir um maior controle sobre os ativos da SAF, a administração do clube social, liderada pelo presidente João Paulo Magalhães Lins, argumenta que a decisão impede que a SAF realize transações que possam comprometer o futuro financeiro da instituição. Na última quarta-feira, o mesmo magistrado já havia negado outros dois pedidos da administração, incluindo um ressarcimento de R$ 155,4 milhões da Eagle e a nomeação de um interventor judicial na SAF.
A importância do bloqueio
O escritório Antonelli Advogados, que representa o clube social, considera o bloqueio das vendas como o pedido mais crítico, permitindo uma supervisão maior das ações financeiras da SAF. O presidente João Paulo tem buscado essa medida como forma de assegurar que o clube receba os recursos necessários para sua operação, especialmente em um momento em que as receitas eram incertas devido ao investimento reduzido de Textor em meio às disputas jurídicas contra Eagle e Ares.
"Desta forma, toda e qualquer negociação de venda de jogadores terá que passar pela análise do clube social e representantes da Justiça antes de ser concretizada", afirmou o magistrado na decisão. Isso significa que a administração da SAF precisará informar previamente sobre qualquer alienação de ativos ou distribuição de dividendos, caso contrário, as transações poderão ser consideradas nulas.
Com a decisão, a SAF poderá enfrentar dificuldades em seu orçamento previsto para 2026. A gestão temia que a saída de atletas fosse uma maneira de levantar capital. Entretanto, a ação movida pelo clube social foi uma tentativa de garantir mais participação nas decisões de maior relevância da SAF.
Perspectivas e reações
Cabe à SAF recorrer da decisão, o que até o momento não foi feito. A administração do clube social se manifestou oficialmente, mas o Botafogo de Futebol e Regatas optou por não comentar sobre os processos judiciais relacionados à SAF. Em nota, enfatizou que o diálogo entre as partes permanece ativo, com o intuito de encontrar soluções que beneficiem os torcedores do Botafogo.
"Mesmo diante de um momento desafiador, seguiremos unidos, firmes e comprometidos em buscar um caminho de paz, entendimento e cooperação, sempre em prol do bem do Botafogo", declarou a administração do clube social.
Esse embate jurídico entre a SAF e o clube social do Botafogo destaca a complexidade e os desafios enfrentados pelas instituições de futebol diante de mudanças na estrutura de gestão e na busca por maior controle financeiro.