Prefeitura de São Paulo busca ampliar Faixa Azul, mas enfrenta desafios
A Prefeitura de São Paulo está intensificando os esforços para que a Secretaria Nacional de Trânsito (Senatran) libere a expansão da Faixa Azul, uma via exclusiva destinada a motociclistas. Contudo, a Senatran suspendeu temporariamente novas autorizações, levantando questões sobre a segurança e adequação dessa prática nas ruas da metrópole.
O secretário nacional de trânsito, Adrualdo Catão, destacou a importância de proceder com cautela. Segundo ele, estudos recentes indicam um alto índice de desrespeito aos limites de velocidade por parte dos motociclistas. Apesar da preocupação, a Prefeitura argumenta que, nos trechos onde a Faixa Azul está implementada, houve uma redução de 47% nas mortes de motociclistas entre 2023 e 2024.
A discussão ganhou ainda mais relevância com a expectativa de retorno dos serviços de mototáxi na capital, anunciado pelas empresas 99 e Uber para o próximo dia 11 de dezembro. Recentemente, a Câmara Municipal de São Paulo apresentou um projeto de lei com o intuito de regulamentar o uso desse transporte.
O secretário executivo de Mobilidade e Transportes, Paulo Nunes, expressou receio de que a liberação dos mototáxis possa acarretar um aumento nos acidentes e óbitos envolvendo motociclistas, já que esses índices continuam elevados, mesmo com a presença da Faixa Azul. A gestão da Prefeitura reiterou que já fez vários pedidos à Senatran para a autorização de novos trechos da sinalização, necessária para a proteção dos motociclistas, visto que a Faixa Azul não está previamente contemplada no Código de Trânsito Brasileiro e foi autorizada apenas em caráter experimental.
Atualmente, a cidade possui 232 quilômetros de Faixa Azul, mas a Prefeitura reclama que cerca de 80 quilômetros adicionais estão aguardando aprovação na Senatran. Segundo Nunes, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) realizou estudos que põem em evidência a eficácia da sinalização, ao reduzir os índices de mortalidade.
A Senatran, por sua vez, reforça que as novas autorizações precisam ser analisadas com base em dados recentes que recomendam prudência na adoção da Faixa Azul. Um estudo preliminar, feito por instituições respeitáveis como a Universidade de São Paulo e a Universidade Federal do Ceará, revelou que 70% dos motociclistas em vias com Faixa Azul infringem os limites de velocidade estabelecidos.
A discussão sobre a sinalização já se estendeu a outros municípios brasileiros, como Salvador (BA), Fortaleza (CE), Recife (PE), e Porto Alegre (RS). Segundo a Senatran, a avaliação do desempenho da Faixa Azul em São Paulo será crucial para definir requisitos de monitoramento e desempenho que deverão ser implementados nas cidades que também desejam experimentar essa sinalização.