Universidade concede diploma póstumo a jovem assassinada no Paraná
Nesta sexta-feira (5), a Universidade Estadual de Londrina (UEL) realizou uma cerimônia inédita ao conceder um diploma póstumo à estudante Júlia Beatriz Garbossi Silva, que foi assassinada em um caso trágico de violência em Londrina.
A jovem, que tinha apenas 23 anos, foi víctima de um ataque brutal quando estava no 5º semestre de Ciências Sociais. O diploma foi entregue pela reitora Marta Favaro aos pais de Júlia, Everton e Angelita, em uma homenagem que visa honrar sua memória e destacar a triste realidade da violência contra as mulheres no Brasil.
Segundo informações da UEL, a concessão do diploma póstumo é uma forma de reconhecimento pelo impacto que a perda de Júlia causou na comunidade acadêmica. A solicitação que resultou nessa homenagem foi realizada pelo Observatório de Feminicídios de Londrina (Néias) e pelo Laboratório de Estudos de Feminicídios (LESFEM).
Júlia foi morta a facadas no dia 3 de setembro de 2023, em uma casa no Jardim Jamaica, na região oeste de Londrina. Ela estava acompanhada de uma amiga e do namorado dessa amiga, Daniel Takashi, que também foi assassinado. O principal suspeito do crime, Aaron Delesse Dantas, de 26 anos, estava sendo descrito pelo Ministério Público (MP-PR) como um stalker, após ser apontado como perseguidor da amiga de Júlia.
De acordo com relatos da sobrevivente do ataque, Aaron invadiu a casa e a atacou. No momento do crime, a jovem estava com Júlia e Daniel. Ela relatou ter acordado com o agressor em cima dela, inicialmente acreditando estar passando por um episódio de paralisia do sono. Ao perceber o perigo, ela gritou por socorro, fazendo com que Júlia enfrentasse o agressor.
Infelizmente, Júlia não sobreviveu ao ataque e foi esfaqueada até a morte. Daniel também foi ferido e não resistiu. A sobrevivente, que conseguiu se desvencilhar de Aaron, usou sua astúcia ao convencê-lo a levá-la a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) para que pudesse receber cuidados médicos, momento em que ela relatou o acontecimento à equipe médica e à Polícia Militar.
A prisão de Aaron foi efetivada em flagrante, onde foram apreendidos uma faca e um canivete. Ele foi denunciado pelo Ministério Público (MP-PR) por duplo homicídio qualificado, tentativa de homicídio, tortura e stalking, permanecendo detido no Complexo Médico Penal de Curitiba à espera do julgamento.
Além de Júlia, a homenagem da UEL também contemplou outras mulheres vítimas de violência, destacando a necessidade de conscientização sobre a grave questão do feminicídio no Brasil. Em memória de Júlia Beatriz Garbossi, o ato da universidade reforça a luta por justiça e pelo fim da violência contra as mulheres.