China atinge superávit comercial recorde em 2025
O superávit comercial da China atingiu pela primeira vez mais de um trilhão de dólares em 2025, apesar das crescentes tensões comerciais com os Estados Unidos. No mês de novembro, as exportações chinesas continuaram a se expandir, enquanto as vendas para os EUA despencavam.
Segundo dados divulgados pela Administração Geral de Aduanas da China, entre janeiro e novembro, o país acumulou um superávit de 1,076 trilhão de dólares, superando o recorde anterior alcançado em 2024. Este aumento no superávit reflete uma mudança das exportações chinesas em direção a mercados na Unão Europeia e *Sudeste Asiático*, em resposta a tarifas elevadas impostas pelos EUA.
As exportações aumentaram 5,9% em novembro em comparação com o mesmo mês do ano anterior, voltando a crescer após um leve declínio em outubro. No acumulado do ano, o crescimento foi de 5,4%, alcançando 3,4 trilhões de dólares, mesmo com uma queda de 18,9% nas exportações para os EUA, que experimentaram um forte declínio de 29% em novembro em relação ao ano anterior.
- As tarifas sobre produtos chineses mantidas pelos EUA estão em 47,5%.
- Por outro lado, as tarifas chinesas sobre importações dos EUA estão em 31,9%.
- As vendas para a União Europeia aumentaram 14,8%% em comparação ao ano anterior.
Ao longo de 2025, as exportações para o território da União Europeia cresceram 8,1%, enquanto as importações de bens provenientes da UE caíram 2,1%. A Alemanha, conhecida como a locomotiva econômica da Europa, enfrentou uma redução ainda mais significativa de 3,5% em suas importações da China.
Embora as exportações totais da China tenham caído 0,6% em relação ao ano anterior, o presidente francês Emmanuel Macron, durante visita recente à China, alertou que os desequilíbrios econômicos poderiam se tornar insustentáveis, prevendo uma possível crise se a situação não for abordada.
A estratégia econômica da China permanece focada na ampliação das exportações, especialmente de produtos com maior valor agregado, enquanto lida com uma desaceleração do consumo interno e um setor imobiliário em crise. A desvalorização do yuan também contribui para aumentar a competitividade das exportações chinesas.
A China está ciente das tensões potenciais que podem surgir com seus parceiros comerciais e busca restaurar a confiança dos consumidores e reativar o gasto interno como parte de seu plano quinquenal recém-revelado. Algumas análises sugerem que os atuais desequilíbrios podem levar a uma maior abertura para investimentos no exterior, permitindo que a China faça acordos de produção no local e troque tecnologia com outros países.
O panorama comercial para 2025 indica que a China está intensificando sua diplomacia econômica, redirecionando parte de sua produção para países vizinhos do Sudeste Asiático. Tal ajuste é visto como uma estratégia para contornar as tarifas americanas, com as exportações para a região do Sudeste Asiático aumentando 13,7% no ano, com destaque para Tailandia e Vietnã, cujas importações cresceram mais de 20%.
“Embora os cortes de tarifas acordados durante a tregua comercial não tenham aumentado os envios para os EUA, o crescimento geral das exportações se recuperou”, comentou Zichun Huang, economista da Capital Economics. “Esperamos que as exportações da China continuem resilientes e que o país ganhe participação de mercado global no próximo ano”, completou. Huang também destacou que a reorientação do comércio pode compensar o impacto das tarifas dos EUA.