Iván Cano e a tragédia do recrutamento forçado no México
Iván Esteban Cano Hernández, um jovem colombiano de 25 anos e portador do síndrome de Marfan, viveu uma experiência aterrorizante ao ser enganado e forçado a trabalhar para o Cartel Jalisco Nova Geração (CJNG). Depois de chegar ao México com a esperança de uma nova oportunidade de emprego, ele rapidamente se viu preso e em uma situação de horror, capturado por um grupo criminoso que o forçou a cooperar com eles.
Com 1,87 metros de altura e pesando apenas 50 quilos, Iván parecia um jovem normal, sonhando com um futuro melhor. Ele tinha formação em contabilidade e era técnico em sistemas de informação, habilidades que o cartéis mexicanos desejavam explorar. Infelizmente, a realidade que encontrou foi muito diferente do que ele esperava. Ao desembarcar no aeroporto de Guadalajara, foi abordado por homens armados que o capturaram.
O jovem colombiano contou em entrevistas que havia recebido uma proposta para trabalhar em uma empresa de entrega no México, o que acabou sendo um grande engano. "Eu pensei que era uma boa oportunidade para mim. Dizia que era um emprego legal e que ajudaria minha família," lembrou Iván, após conseguir se comunicar com sua mãe após semanas de silêncio.
Após duas semanas torturantes, onde foi privado de liberdade e agredido, governo mexicano, através da Guardia Nacional, localizou Ívan em um rancho em Michoacán. No entanto, em vez de libertá-lo, foi detido sob a acusação de portar armas de uso exclusivo do exército. Desde então, ele enfrenta uma batalha judicial que destaca a complexidade dos processos de recrutamento forçado no México.
As autoridades mexicanas, sob a liderança de Omar García Harfuch, têm aplicado estratégias de detenções em massa sob o pretexto de combater o crime organizado. Desde outubro de 2024, mais de 37.000 pessoas foram presas, incluindo Iván, que se viu preso em um sistema penal em que os direitos humanos estão frequentemente ameaçados.
Conforme reportagens investigativas mostram, o caso de Iván não é único. Muitos outros colombianos também foram vítimas desses grupos criminosos, que usam táticas enganosas para recrutar pessoas em busca de trabalho. A realidade é que muitos chegam ao México apenas para se tornar mais uma peça no violento quebra-cabeça que envolve o narcotráfico no país.
O relato de Iván aponta para uma clara violação de direitos humanos, com torturas e ameaças, tanto por parte de seus sequestradores quanto pelas forças de segurança que deveriam protegê-lo. mesmo sem qualquer antecedente criminal, ele foi presumido culpado, gerando preocupação internacional sobre o tratamento dado a detentos estrangeiros no México. O embaixador colombiano, Carlos Fernando García, expressou preocupação com a crescente criminalização de seus compatriotas no país.
As evidências contra Iván são escassas. A sua defesa alega que não existem provas concretas que o liguem ao crime do qual é acusado. O caso destaca uma realidade sombria onde a busca por oportunidades legítimas se transforma em um pesadelo, à medida que o tráfico humano e o recrutamento forçado continuam a se expandir em um cenário de impunidade.
A batalha judicial de Iván é um exemplo da luta por justiça em um sistema que frequentemente ignora as vozes dos mais vulneráveis. Ele continua a esperar por um desfecho que lhe permita retomar sua vida, longe dos horrores e das injustiças que sofreu.
Enquanto isso, sua mãe, Rubiela, aguarda ansiosamente por notícias do filho, olhando para o futuro com esperança, mas também com um profundo temor pelo que pode acontecer em um sistema que falha em proteger aqueles que mais precisam.
A história de Iván é um lembrete da fragilidade da vida em um mundo repleto de inseguranças, onde a busca por dignidade e a luta por sobrevivência podem levar a destinos inesperados e aterradores.