Protestos em 90 cidades brasileiras marcam luta contra feminicídio
Na última semana, manifestações contra o feminicídio mobilizaram 90 cidades brasileiras, inclusive capitais e o Distrito Federal, em um evento organizado pelo Movimento Levante Mulheres Vivas. As mobilizações aconteceram em resposta à crescente violência contra as mulheres, refletindo a urgência de medidas efetivas para combater esse grave problema social.
Em São Paulo, cerca de 9,2 mil indivíduos participaram da manifestação na famosa Avenida Paulista, conforme estimativas do Centro Brasileiro de Análise e Planejamento (Cebrap), em parceria com a ONG More in Common. Outros atos expressivos ocorreram em cidades como Rio de Janeiro, onde a Praia de Copacabana serviu de palco para a mobilização.
A presença da primeira-dama, Janja da Silva, foi um dos destaques do evento. Em seu discurso em Brasília, ela defendeu a necessidade de penas mais rigorosas para crimes contra mulheres, afirmando:
“Política pública não falta. O que falta é vergonha na cara dos homens, um pouco mais de humanidade. A gente precisa de penas mais duras para o feminicídio.”Este apelo ilustra a gravidade da situação atual no Brasil, onde em 2024, 1.492 feminicídios foram registrados, segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP).
No ato paulista, o evento começou às 14h em frente ao Museu de Arte de São Paulo (Masp), ocupando parte da via por cerca de dois quarteirões. Algumas mulheres participaram de uma ação simbólica, deitando-se no chão para homenagear as vítimas de feminicídio. A atmosfera foi marcada por palavras de ordem e cartazes com frases impactantes como “nem uma a menos” e “parem de nos matar”. A participação de homens e crianças foi um aspecto significativo, sendo vê-los segurando cartazes e chamando atenção para a discussão sobre gênero e direitos humanos.
Na Praia de Copacabana, o ato teve que ser ajustado devido à tentativa de alguns motoristas de furar o bloqueio, levando os organizadores a permanecerem na faixa já fechada aos domingos. Em Belo Horizonte, a manifestação começou por volta das 11h, e em Curitiba, o protesto teve início às 10h. Apenas as cidades de Macapá e Salvador não registraram protestos, embora uma manifestação na capital baiana esteja agendada para o próximo domingo.
A recente mobilização foi uma resposta a uma série de crimes brutais contra mulheres que ganharam destaque na mídia. O recorde de feminicídios em 2024 impulsionou a urgência por mudanças legais e sociais. A atriz Raquel Ripani, uma das idealizadoras do movimento, disse:
“Foi o começo de uma resposta e a gente quer brigar pelas pautas que temos. Criminalização da misoginia, exigência de orçamento, e que a gente tenha a atenção que a gente merece.”
Um dos casos que gerou comoção foi o de Tainara Souza Santos, de 31 anos, que sobreviveu a um brutal ataque por seu ex-companheiro. O episódio acendeu um clamor por ações imediatas e representativas que abordem a violência de gênero no Brasil.
Esses protestos simbolizam não apenas um grito de socorro, mas uma mobilização coletiva em busca de transformação social e justiça para todas as mulheres que perderam suas vidas de forma violenta. A sociedade brasileira se encontra em um momento crucial, onde a união de vozes e a exigência de mudanças são mais necessárias do que nunca.