Investigação sobre a morte de Benício Xavier avança
As investigações em torno da morte trágica de Benício Xavier estão em andamento e, de acordo com o delegado Marcelo Martins, indicam uma sucessão de erros cometidos durante o atendimento na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Santa Júlia, em Manaus.
Benício, apenas uma criança de idade não informada, faleceu no dia 23 de novembro, após receber uma dose excessiva de adrenalina administrada incorretamente. As investigações revelaram que a médica Juliana Brasil foi responsável por prescrever a dosagem inadequada, enquanto a técnica de enfermagem Raiza Bentes aplicou a medicação diretamente na veia do menino.
O delegado Marcelo Martins esclareceu que outros dois médicos, além de Juliana e Raiza, podem também ser responsabilizados pelo óbito. O médico Luiz Felipe Sordi, que estava na UTI, deveria ter adotado medidas imediatas, como a intubação de Benício, que não foram tomadas. Martins afirmou que Luiz Felipe falhou ao não consultar especialistas, como um pediatra, e ao permitir a alimentação do menino antes da intubação. Alexandra da Silva, que realizou a intubação, também não observou que Benício havia se alimentado, o que agrava ainda mais a situação na qual o garoto se encontrava.
"Ficou evidente que a sequência de erros durante o atendimento eliminou as chances de sobrevivência de Benício", disse Martins. Ele acrescentou que a medicação administrada durante o procedimento de intubação foi considerada imprópria, sugerindo que o protocolo de sedação adequado não foi seguido. Considerando a gravidade das falhas, o delegado afirmou ter acrescentado a qualificadora de crueldade ao caso, alegando que a criança sofreu desnecessariamente.
Os profissionais envolvidos prestaram depoimento em 27 de novembro, mas não há confirmação se serão chamados novamente a depor. O g1 está tentando entrar em contato com a defesa dos médicos mencionados.
Os donos do Hospital Santa Júlia foram interrogados na quarta-feira (17) na sede do 24º Distrito Integrado de Polícia (DIP), que investiga as circunstâncias da morte de Benício. De acordo com Martins, a responsabilidade do hospital em relação à estrutura e às falhas nos protocolos de atendimento também está sendo analisada.
Em entrevista após o depoimento, Édson Sarkis, um dos proprietários do hospital, destacou que a unidade cumpre rigorosamente os protocolos de segurança, incluindo o processo de dupla checagem. Ele expressou preocupação com a situação e solidariedade à família de Benício, embora tenha reafirmado a competência da equipe médica, que deve ter seguido as normas.
O caso de Benício Xavier começou quando seu pai, Bruno Freitas, o levou ao hospital com uma tosse seca e suspeita de laringite. Durante a consulta, foram prescritos medicamentos, incluindo três doses de adrenalina intravenosa. A família questionou a técnica de enfermagem sobre a administração da medicação, revelando que nem ela havia realizado este procedimento anteriormente. Após a primeira dose, a saúde de Benício rapidamente se deteriorou.
"Meu filho nunca havia tomado adrenalina pela veia, apenas por nebulização. Ao questionarmos, a técnica afirmou que estava seguindo a prescrição e que também nunca havia administrado por essa via", relatou Bruno.
Após a deterioração do estado de Benício, ele foi transferido para a UTI, onde sua condição continuou a piorar, resultando na necessidade de intubação, juntamente com uma série de paradas cardíacas. No desfecho trágico, o garoto não conseguiu sobreviver. A família de Benício está em busca de justiça e deseja que casos como o dele não se repitam.
Por sua vez, o Hospital Santa Júlia informou que a médica e a técnica de enfermagem foram afastadas e que uma investigação interna está em andamento, realizada pela Comissão de Óbito e Segurança do Paciente. Imagens exclusivas podem revelar os detalhes da assistência prestada a Benício, que se tornou mais uma vítima de erros médicos que precisam ser discutidos e sanados na saúde pública brasileira.