Ex-agente da patrulha de fronteira dos Estados Unidos, Tom Homan foi encarregado por Donald Trump de cumprir a promessa de realizar a maior campanha de deportação da história do país. Como 'czar da fronteira' do novo governo, Homan afirmou já ter dado início às operações da agência de Imigração e Fiscalização Aduaneira (ICE, na sigla em inglês) em busca de imigrantes ilegais. "Eles sabem exatamente quem eles estão procurando. Eles sabem muito bem onde encontrá-los", disse em entrevista à emissora americana CNN.
Segundo o oficial, as operações têm como foco inicial imigrantes ilegais com condenações criminais, mas pode haver prisões "colaterais" de pessoas indocumentadas que não possuem passagem pela polícia. "O que está acontecendo na nossa fronteira é a maior vulnerabilidade de segurança nacional que já vi na minha carreira, e faço isso há mais de 35 anos", disse Tom Homan em uma de suas primeiras entrevistas após assumir o cargo oficialmente.
Homan disse ainda à emissora Fox News que, apenas na terça-feira (21/1), a ICE prendeu 308 criminosos graves. Para efeito de comparação, em setembro de 2024, o último mês para o qual há dados disponíveis, o ICE prendeu 282 migrantes por dia. 'Czar da fronteira' parece ser o título oficial de Homan, que é o primeiro a servir em tal cargo, já que esse papel não existia durante o primeiro mandato de Trump na Casa Branca.
Antes de assumir o posto, Homan atuou como diretor interino da ICE durante o primeiro governo Trump e começou sua carreira como policial no estado de Nova York. "Eu era um agente da patrulha de fronteira. Eu vesti o uniforme", disse ele em uma entrevista à Fox no final do ano passado. "Tenho orgulho de ter usado o uniforme... Eu fui o primeiro diretor do ICE a subir na hierarquia."
No entanto, segundo a imprensa americana, Homan passou muitos dos seus últimos anos como agente imigratório frustrado, já que muitas de suas visões e ideias eram consideradas linha-dura demais. Quando foi abordado pela primeira vez sobre fazer parte do segundo governo Trump, Homan teria dito a Trump que estava tão irritado com a situação na fronteira que "voltaria de graça", de acordo com o jornal The New York Times.
Em novembro, antes de assumir seu cargo atual, Tom Homan disse que o público poderia esperar "choque e pavor" no primeiro dia do novo governo Trump. Durante a Convenção Nacional Republicana, em julho do ano passado, ele se dirigiu diretamente aos imigrantes ilegais: "É melhor vocês começarem a fazer as malas agora", afirmou.
As declarações dadas pelo novo governo até o momento apontam para uma reversão das políticas da administração Biden, com foco na deportação de imigrantes indocumentados que não cometeram crimes. Segundo Homan, a ICE já realizou investigações para localizar criminosos que estão no país sem documentos e está agindo para prendê-los. Essa operação é considerada uma "operação de execução direcionada".
Homan também afirmou que, em regiões onde esses imigrantes recebem proteção, os agentes da ICE serão obrigados a fazer buscas e prisões em suas casas ou trabalhos. Ele se referiu especialmente às chamadas "cidades santuário", que têm políticas projetadas para limitar a cooperação ou o envolvimento em ações federais de fiscalização da imigração. "Nós vamos nos concentrar em ameaças à segurança pública", disse.
Homan desempenhou um papel importante na controversa política de "tolerância zero" de Trump, que separou milhares de crianças migrantes de seus pais durante o primeiro mandato do republicano. Homan indicou que não tentaria restabelecer essa política, afirmando que famílias poderiam ser "deportadas juntas".
Na terça-feira, o Departamento de Segurança Interna também anunciou o fim de uma política que restringia a capacidade dos agentes de Imigração e Alfândega de prender imigrantes ilegais em locais considerados sensíveis, como igrejas, escolas e hospitais. Homan já havia adiantado essa possibilidade em entrevistas durante 2024.
O 'czar da fronteira' também apontou para a retomada das prisões em massa de imigrantes em locais de trabalho, que Biden descontinuou em 2021. "Vamos ter a maior operação de deportação que este país já viu", disse Homan em uma entrevista de dezembro, concedida ao comentarista conservador Benny Johnson. "E não vou me desculpar por isso."