Milton Viola Fernandes, conhecido como Millôr Fernandes, nasceu no bairro do Méier, no subúrbio do Rio de Janeiro, no dia 16 de agosto. Ele se tornou uma figura emblemática da cultura e do jornalismo brasileiros, renomado por seu talento multifacetado.
O talentoso artista registrou seu nome em cartório apenas em 27 de maio de 1924, e ao longo de sua vida, destacou-se em diversas modalidades artísticas, que vão desde as artes plásticas até o teatro. O nome Millôr surgiu de um erro de grafia que acabou se tornando um símbolo de sua identidade.
Na adolescência, Millôr iniciou sua carreira como office-boy na redação da revista “O Cruzeiro”, uma das publicações mais influentes do Brasil, fundada por Assis Chateaubriand. Nos anos seguintes, ele ascendeu a jornalista e ajudou a moldar a revista com sua seção Pif-Paf, que rapidamente o tornou renomado.
Em 1945, a seção Pif-Paf foi o primeiro passo de Millôr no mundo da fama. Menos de três anos depois, em 1948, o escritor lançou sua carreira literária com o livro “Eva sem Costela - Um Livro em Defesa do Homem”, sob o pseudônimo de Adão Júnior, marcando o início de sua contribuição ao mundo das letras.
Em uma viagem aos Estados Unidos, Millôr teve a oportunidade de conhecer o criador da Disney, Walt Disney, em 1948, ampliando seus horizontes e experiências culturais. Nos anos 50, ele fez sua estreia como dramaturgo, lançando a peça “Uma Mulher em Três Atos”, e se destacou como tradutor de clássicos, incluindo “Hamlet” e “Rei Lear”, de William Shakespeare.
Além de suas contribuições ao teatro, Millôr também se destacou nas artes visuais, expondo seus desenhos em mostras tanto em Buenos Aires quanto no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro. Após 25 anos dedicados à revista “O Cruzeiro”, foi demitido em 1963 devido a controvérsias geradas por suas ironias bíblicas em desenhos publicados.
No contexto do golpe militar que ocorreu no Brasil em 1964, ele lançou a revista Pif-Paf, uma extensão da sua seção homônima em “O Cruzeiro”. Apesar do potencial, a revista teve uma vida breve, durando apenas oito edições. Durante a Ditadura Militar, Millôr se tornou uma das vozes mais críticas no semanário “O Pasquim”, um importante veículo de humor e sátira que desafiou as normas da época.
Em “O Pasquim”, Millôr interagiu com outras personalidades icônicas da cultura brasileira, como os cartunistas Jaguar, Henfil, Ziraldo e os jornalistas Paulo Francis e Tarso de Castro. Em 1977, pouco tempo após deixar a publicação, ele estreou sua peça de maior sucesso, “É”, que foi encenada por Fernanda Montenegro e Fernando Torres.
Durante as décadas de 80 e 90, Millôr colaborou com várias publicações renomadas, como “Veja” e “Jornal do Brasil”. Além de suas criações literárias e dramáticas, Millôr ficou conhecido por suas frases impactantes e irônicas, como “o preço da fidelidade é a eterna vigilância” e .
Seu livro mais popular, “Millôr Definitivo - A Bíblia do Caos”, compila muitos de seus textos e frases memoráveis, solidificando sua posição como um dos grandes pensadores da literatura e do jornalismo brasileiro. Millôr Fernandes faleceu em 27 de março de 2012, aos 88 anos, devido a falência múltipla dos órgãos. Ele estava casado com a jornalista Cora Rónai na época de sua morte, deixando um legado inestimável para as futuras gerações.