Em uma tentativa de verificar a condição de um migrante detido em El Salvador, o senador democrata americano Chris Van Hollen teve sua visita bloqueada por militares locais. Kilmar Ábrego García, o migrante em questão, está preso na megacárcel de máxima segurança Centro de Confinamento do Terrorismo (Cecot), projetada para aprisionar supostos membros de gangues, incluindo a infame MS-13.
No dia 16 e 17 de abril de 2025, o senador Van Hollen se deslocou a El Salvador para visitar Ábrego, que foi deportado pelo governo Trump e, segundo alegações, está detido erradamente. A visita foi impedida a aproximadamente 3 km da prisão, com os militares alegando que tinham ordens superiores para não permitir a entrada do senador, mesmo diante dos esforços de Van Hollen para garantir que os direitos do migrante fossem respeitados.
O contexto da deportação de Kilmar Ábrego García
Kilmar Ábrego, de 29 anos, foi deportado para El Salvador em 15 de março de 2025, ao lado de outros migrantes, com a acusação de ser membro da MS-13. A administração Trump, que o rotulou como um perigo à segurança nacional, acabou admitindo que a deportação foi um "erro administrativo". Um juiz de imigração americano havia anteriormente concedido a Ábrego proteção legal, reconhecendo o risco que ele enfrentava em seu país natal devido à violência das gangues.
Ábrego está confinado no Cecot, uma instalação de alta segurança que obriga seu detido a permanecer isolado. Até o momento, sua esposa e advogados não conseguiram estabelecer comunicação com ele, e, apesar de uma decisão da justiça americana ordenando seu retorno aos Estados Unidos, o governo de El Salvador se recusa a libertá-lo, colocando em dúvida os procedimentos legais em torno de sua detenção.
Impedimentos na visita e as declarações do senador
No segundo dia de sua visita, Van Hollen e seu grupo, que incluía o advogado de Ábrego e familiares, foram parados por militares. O senador expressou que seu objetivo era garantir o estado de saúde de Ábrego e reafirmar seu direito a um devido processo legal, conforme ordenado pelos tribunais dos EUA e estabelecido em tratados internacionais de direitos humanos.
Durante sua estadia, Van Hollen se reuniu com o vice-presidente salvadorenho Félix Ulloa, que indicou que não haveria possibilidade de devolução do migrante aos EUA, nem mesmo por videoconferência ou telefone. Este diálogo deixou Van Hollen insatisfeito, criticando a postura da administração Trump por não buscar atualizações sobre as condições de Ábrego através da embaixada dos Estados Unidos em San Salvador.
Repercussões políticas e de direitos humanos
A Casa Branca, através de sua porta-voz Karoline Leavitt, reafirmou a posição de que Ábrego é considerado membro da MS-13 e que, em caso de retorno aos EUA, enfrentaria nova deportação. Esta postura levou a uma série de críticas por parte de Van Hollen e outros congressistas democratas, como Cory Booker e Maxwell Alejandro Frost, que têm planos de visitar El Salvador para acompanhar de perto o caso.
A situação expõe as crescentes tensões entre o governo Trump e o judiciário americano que ordenou a repatriação, além de um claro distanciamento entre os EUA e El Salvador em questões migratórias. Esse caso também levanta questões sérias sobre os direitos humanos dos detidos no Cecot e a legalidade das deportações em massa, especialmente sem evidências concretas para as acusações.
O caso de Kilmar Ábrego García continua a evoluir, com uma mobilização crescente tanto na política quanto no âmbito jurídico nos Estados Unidos, e pressão internacional que busca assegurar os direitos do migrante e de outros detidos em situações semelhantes em El Salvador.