A fabricante dos lenços Kleenex, Kimberly-Clark, colocou sua unidade internacional de higiene à venda por US$ 4 bilhões, com Goldman Sachs e Centerview liderando o processo. Grupos asiáticos e sul-americanos estão em competições acirradas para a aquisição, enquanto a Asia Pulp & Paper (APP) busca empréstimos de US$ 2 bilhões para participar da licitação.
A negociação, que promete ser uma das maiores do setor de bens de consumo em 2025, atraiu atenção de gigantes do papel e celulose. Fontes próximas ao acordo informaram à Global Banking & Finance que as propostas iniciais já foram apresentadas, com as atividades de due diligence em fase final. A unidade em questão abrange operações na Europa, na Ásia e na América Latina, exceto pelo mercado norte-americano.
A indonésia Asia Pulp & Paper está mobilizando instituições financeiras para assegurar a quantia de US$ 2 bilhões em empréstimos, conforme relatos do Finimize. A companhia, que controla a marca PaperOne, visa consolidar sua posição no mercado global de produtos sustentáveis, acompanhando a crescente demanda por soluções ecológicas.
A concorrência é acirrada, com a brasileira Suzano, a maior produtora mundial de celulose de eucalipto, vendo a aquisição como uma chance de diversificação de seu portfólio. Por outro lado, o conglomerado RGE, baseado em Cingapura, está focado na expansão de sua divisão de produtos de higiene na região da Ásia-Pacífico.
A transação pode ter um impacto significativo na cadeia de suprimentos do setor, afetando diretamente os preços de commodities como polpa de celulose. Analistas apontam um risco potencial de overbidding devido ao interesse de múltiplos players continentais.
A venda se dá em um momento de reestruturação da Kimberly-Clark, que anunciou em 2024 uma redução de 5% em sua força de trabalho global. Para a APP, a aquisição representaria o maior investimento internacional desde sua expansão para a China em 2020.
As partes envolvidas devem avançar para uma fase de negociações exclusivas até maio, com a expectativa de fechamento até o terceiro trimestre de 2025. No entanto, as restrições regulatórias, principalmente na União Europeia e na Indonésia, representam os principais obstáculos restantes.