No último dia 23, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um apelo a líderes globais, exhortando-os a antecipar suas metas de neutralidade climática e elevar a ambição de seus planos de combate às mudanças climáticas, em preparação para a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP30), agendada para novembro de 2025 em Belém, Pará. Durante uma reunião virtual de alto nível, co-presidida por Lula e pelo secretário-geral da ONU, António Guterres, aproximadamente 20 chefes de Estado discutiram a necessidade de ações urgentes diante da grave crise climática.
A COP30 será a primeira conferência climática realizada na Amazônia, um bioma vital para o equilíbrio ecológico global. Prevista para atrair mais de 40 mil visitantes, incluindo delegações internacionais, cientistas e representantes da sociedade civil, a conferência oferece uma oportunidade singular para discutir a preservação da floresta e os direitos dos povos indígenas diretamente no local. Segundo Lula, discutir a Amazônia em sua própria região é uma abordagem mais autêntica e relevante do que fazê-lo em outros locais do mundo, como Paris ou Berlim.
“Uma coisa é discutir a Amazônia no Egito; outra coisa é discutir a Amazônia em Berlim; outra coisa é discutir a Amazônia em Paris. Agora, não. Agora nós vamos discutir a importância da Amazônia dentro da Amazônia”, destacou Lula.
Na reunião, Lula e Guterres sublinharam que apenas 10% dos países apresentaram suas novas Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs), os compromissos que cada país assume para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Lula enfatizou a necessidade de que as nações desenvolvidas, que historicamente se beneficiaram de uma economia baseada no carbono, assumam uma parte maior dessa responsabilidade, antecipando suas metas de neutralidade climática.
Segundo o presidente, a estrutura das NDCs permite a definição de metas ambiciosas que consideram as necessidades de desenvolvimento de cada país. No entanto, é crucial aumentar o financiamento climático global, que ele estima ser de US$ 1,3 trilhão por ano, para que esses objetivos sejam alcançados. Lula se referiu à COP30 como um “grande mutirão” destinado à implementação de compromissos climáticos, ressaltando que conflitos armados e cortes em investimentos voltados à sustentabilidade representam bloqueios significativos para o avanço da agenda ambiental.
A reunião copresidida por Lula e Guterres teve como propósito fomentar uma mobilização política global visando acelerar a transição energética justa e a construção de um novo modelo de desenvolvimento que integre prosperidade econômica, sustentabilidade ambiental e inclusão social. O secretário-geral da ONU enfatizou a urgência de cortes substanciais nas emissões de carbono e solicitou aos países a apresentação de planos nacionais de descarbonização com uma abordagem mais ambiciosa.
Em suas redes sociais, Lula descreveu o encontro como “o início de um amplo movimento rumo à COP30”, destacando a urgência da pauta ambiental frente às crises climáticas e sociais que o mundo enfrenta atualmente.