A vereadora Cris Monteiro, do partido Novo, está no centro de uma controvérsia em São Paulo após se autointitular "branca, bonita e rica" durante uma sessão na Câmara Municipal. A declaração foi feita no contexto da votação que aprovou um reajuste salarial de 5,15% para servidores municipais, ocorrida em 29 de abril de 2025. O comentário gerou uma onda de críticas e ações legais contra a parlamentar, culminando em protestos de manifestantes que a acusaram de racismo.
O episódio ocorreu durante a votação do projeto de aumento salarial, que será efetivado em duas parcelas, sendo 2,60% em maio de 2025 e 2,55% em maio de 2026. Ao ser vaiada por sindicalistas presentes nas galerias, Monteiro fez a afirmação controversa envolvendo sua aparência e status social, o que provocou gritos de "racista" por parte da plateia.
A colega de Monteiro, Luana Alves, do PSOL, reagiu prontamente, protocolando uma representação na Corregedoria da Câmara Municipal. Ela argumentou que a declaração da vereadora reforçava estereótipos raciais prejudiciais e utilizava sua condição da forma que potencializava um confronto social. A apresentação da reclamação ilustra a seriedade do impacto da fala de Monteiro.
Especialistas em questões sociais analisam a declaração de Monteiro, destacando que sua autodeclaração evidencia a continuidade da naturalização dos privilégios raciais dentro da política. Ao se referir a sua condição de "rica", a parlamentar pode ter reforçado a interligação entre branquitude, poder econômico e autoridade política.
A Corregedoria da Câmara, presidida pelo aliado Rubinho Nunes, dá sequência à investigação da denúncia. Dependendo da apuração sobre a intencionalidade discriminatória da fala de Monteiro, as consequências podem variar desde uma advertência até a cassação do mandato. A assessoria da vereadora divulgou uma nota lamentando a repercussão que seu discurso trouxe, mas sem admitir qualquer forma de racismo.
Este não é o primeiro incidente polêmico envolvendo a vereadora. Monteiro já se deparou com processos disciplinares no passado, incluindo um conflito físico com outra vereadora em 2021. Sua fala contestadora coincidiu com uma greve de professores e servidores que buscavam um reajuste salarial maior do que o aprovado, adicionando uma camada de complexidade a esse contexto.
O incidente reacende um debate sobre representatividade na maior Câmara Municipal do Brasil, onde apenas 35% dos 55 vereadores são mulheres e a presença de vereadores negros é inferior a 20%. Em resposta, organizações do movimento negro estão organizando manifestações para esse fim, refletindo a insatisfação e exigindo ações mais efetivas contra o racismo institucional.
A declaração de Cris Monteiro reflete a necessidade urgente de discutir e reavaliar a representatividade na política, em especial sobre as questões raciais.