O deputado Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), líder do PL na Câmara, invocou sua imunidade parlamentar para rejeitar a intimação do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado foi solicitado a prestar esclarecimentos sobre declarações que sugeriam um acordo paralelo na acirrada distribuição de emendas de comissão. A demanda de Dino veio em 27 de abril, quando ele estabeleceu um prazo de 48 horas para que Cavalcante se manifestasse sobre suas afirmações, as quais poderiam afetar um plano de transparência orçamentária entre o STF, o Congresso e o governo.
Na quarta-feira, 30 de abril, o deputado protocolou sua resposta no STF, destacando que suas declarações à imprensa estavam amparadas pela prerrogativa constitucional de livre manifestação parlamentar. Em postagens nas redes sociais, Cavalcante reafirmou que "o Parlamento é livre" e que não se submeteria a "ameaças de ministro do STF".
A tática jurídica do deputado é respaldada pelo Artigo 53 da Constituição, que protege os parlamentares por opiniões e votos exercidos durante o mandato. O ministro Dino, em contrapartida, sustenta que as declarações de Cavalcante, se confirmadas, poderiam representar uma violação da Lei Complementar 210/2024, a qual regulamenta a destinação de emendas.
A controvérsia teve início quando Sóstenes concedeu uma entrevista ao jornal *O Globo*, na qual insinuava que o PL poderia ter controle total sobre as emendas de comissão sob sua alçada, utilizando-as como instrumentos de pressão política. O ministro do STF alertou que essa prática, se comprovada, comprometeria a integridade do acordo de transparência orçamentária firmado em novembro de 2024.
O embate intensifica o debate em torno dos limites da imunidade parlamentar frente ao controle judicial sobre ações legislativas. Especialistas consultados em diversos veículos de comunicação indicaram que o STF tem a prerrogativa de avaliar se as declarações de Sóstenes ultrapassaram os limites da proteção mandatária, podendo caracterizar um potencial abuso dessa prerrogativa.
A expectativa agora está em saber se o ministro Dino acatará os argumentos de Cavalcante ou se manterá a exigência de explicações detalhadas. Essa análise poderá desencadear um novo conflito institucional, e sua decisão terá um impacto significativo nas ações que monitoram a execução de R$ 16,5 bilhões em emendas parlamentares.