Na última quinta-feira, o governo Trump recorreu à Suprema Corte dos Estados Unidos com o objetivo de anular o Temporary Protected Status (TPS) concedido a aproximadamente 350 mil venezuelanos. Essa medida, caso aceita, poderia resultar na deportação imediata desses imigrantes, o que gerou intensas reações e contra-argumentos por parte de defensores dos direitos dos imigrantes. O pedido foi formulado após uma série de derrotas judiciais em tribunais inferiores, onde a engenharia legal do governo foi considerada "baseada em estereótipos raciais" e contrária ao interesse nacional.
O TPS foi estabelecido em 1990 pelo Congresso para oferecer proteção a migrantes oriundos de países que enfrentam conflitos armados ou desastres naturais. No caso específico da Venezuela, o status foi concedido em 2021 durante a administração Biden, com prazos de prorrogação subsequentes que mantiveram a segurança dos venezuelanos nos EUA. A revogação do TPS foi anunciada pela secretária de Segurança Interna, Kristi Noem, em fevereiro de 2025, com um prazo de validade definido. Contudo, a decisão foi temporariamente bloqueada por uma corte federal na Califórnia em março, com o juiz Edward Chen argumentando a falta de evidências concretas acerca da alegada atividade criminosa por parte dos imigrantes protegidos.
Na petição enviada à Suprema Corte, o procurador-geral John Sauer defendeu que a manutenção do TPS "contraria o interesse nacional" e cerceia o poder do Executivo de definir políticas migratórias. Documentos judiciais mostram que a secretária Noem caracteriza publicamente os venezuelanos como "criminosos perigosos", argumentação que tem sido contestada por organizações de direitos civis, como a ACLU, que destacam o risco de deportação para um país que vive uma crise humanitária severa.
A Suprema Corte determinou que os beneficiários do TPS devem apresentar sua resposta à petição até o dia 8 de maio. Se o governo prevalecer, a proteção dos venezuelanos que registraram seu status em 2023 será extinta de imediato. Especialistas em imigração ressaltam que a Venezuela está em uma situação de colapso econômico e violência política, o que justifica a razão pela qual o TPS fora inicialmente implementado. A decisão judicial poderá também redefinir a extensão do poder executivo sobre as políticas de imigração em um ano eleitoral tão crucial.
A batalha jurídica acontece em um contexto de debates intensificados sobre reforma migratória e pressões decorrentes do cenário eleitoral. O TPS para venezuelanos se tornou um símbolo das divergências ideológicas que permeiam a gestão de fronteiras, evidenciando a polarização entre posturas mais rigorosas e abordagens humanitárias. A expectativa entre os analistas é de que a composição conservadora da Suprema Corte adote uma postura favorável ao governo, embora a complexidade da argumentação técnica possa criar surpresas.