Um juiz federal dos Estados Unidos decidiu que o decreto executivo do ex-presidente Donald Trump, que visava punir o escritório de advocacia Perkins Coie por sua associação com democratas, é inconstitucional e motivado por retaliação. A decisão, proferida pela juíza Beryl Howell, suspende medidas que poderiam ter impactos severos na operação da firma, incluindo a suspensão de autorizações de segurança para seus funcionários, a proibição de acesso a prédios e agentes do governo, além da interrupção de contratos governamentais.
O decreto presidencial contra Perkins Coie, emitido em março, acusava a firma de engajar-se em atividades "desonestas e perigosas" em decorrência de seu trabalho anterior com Hillary Clinton. Esta ação foi amplamente interpretada como uma tentativa de silenciar certas vozes políticas, algo que contraria os princípios estabelecidos pela Constituição dos EUA. A constituição defende a tolerância frente a ideias dissidentes ao invés da coerção em resposta a opiniões impopulares.
A decisão da juíza Howell se destaca, pois é a primeira vez que um decreto executivo de Trump, direcionado especificamente a uma firma de advocacia, é permanentemente bloqueado. Ajuiz ainda enfrentará desafios legais, uma vez que outras três firmas — WilmerHale, Jenner & Block e Susman Godfrey — também contestaram decretos similares em tribunal, com decisões pendentes à espera de apelações.
Até o momento, o Departamento de Justiça não fez declarações sobre a recente decisão. Entretanto, é importante notar que pelo menos nove outras firmas de advocacia chegaram a acordos com Trump para evitar ou suspender decretos semelhantes. Em troca, essas firmas comprometeram-se a fornecer serviços jurídicos gratuitos, avaliados em centenas de milhões de dólares, para causas apoiadas pelo ex-presidente.
Esses acordos evidenciam a complexidade das relações entre o governo e as firmas de advocacia, especialmente em um ambiente de crescente polarização política. A situação atual levanta questões sobre a ética e a legalidade das ações do governo sob a administração de Trump, além de implicações significativas para o futuro do ativismo político.