A vereadora Cris Monteiro (Novo) causou controvérsia na Câmara Municipal de São Paulo durante a votação do aumento salarial de 2,60% para os servidores municipais, ao afirmar que "mulher branca, bonita e rica incomoda", o que originou acusações de racismo da colega Luana Alves (PSOL) e protestos de manifestantes presentes. O episódio levou a uma representação na Corregedoria, protocolada no dia seguinte, enquanto Monteiro optou por se manifestar apenas por meio de uma nota oficial, se desculpando pela situação.
O incidente começou na terça-feira (29/04), durante a votação em segundo turno do aumento para os servidores. Na tribuna, Cris Monteiro se posicionou a favor do projeto do prefeito Ricardo Nunes (MDB), mas foi imediatamente vaiada por sindicalistas presentes nas galerias.
Em meio ao tumulto, a vereadora disparou:
"Escutei todos vocês calados. Quando vem uma mulher branca, bonita e rica, incomoda muito vocês e vocês vaiam. Mas tô aqui representando uma parte importante da sociedade".
A fala de Monteiro gerou gritos de "racista" entre os manifestantes, o que provocou a interrupção da sessão por 20 minutos. A vereadora Luana Alves, uma defensora dos direitos raciais, definiu a declaração como "discriminação racial contra servidores negros", informando que tomaria medidas legais contra a parlamentar do Novo.
"É inaceitável que uma parlamentar utilize características fenotípicas como elemento de confronto político", pontuou Alves ao G1.
Após o tumulto, Cris Monteiro retornou à tribuna para pedir desculpas publicamente, alegando que não teve a intenção de ofender. Horas mais tarde, enviou uma nota oficial expressando seu lamento pela confusão, onde reiterou:
"Lamento profundamente e espero que entendam que não foi minha intenção ofender ninguém".A defesa da vereadora enfatizou sua trajetória de diálogo e compromisso com soluções para São Paulo.
No dia seguinte, Luana Alves protocolou oficialmente na Corregedoria da Câmara uma representação por quebra de decoro parlamentar, argumentando que as palavras de Monteiro "reproduzem estereótipos racistas" ao associar características físicas a privilégios políticos. Especialistas afirmaram que o caso revela a tensão racial nas instituições paulistanas, com movimentos sociais organizando protestos virtuais sob a hashtag #RacismoNãoÉOpinião.
Este incidente ocorre em um contexto de preparação para a sucessão municipal de 2024, em que o Novo busca ampliar sua base eleitoral. A estratégia de Cris Monteiro de adotar uma postura de enfrentamento a sindicatos contrasta com a abordagem conciliatória adotada por aliados do prefeito Nunes. De acordo com cientistas políticos, o episódio evidencia falhas nos protocolos de mediação de conflitos na Câmara e expõe a sub-representação de negros no legislativo municipal, onde apenas 9 dos 55 vereadores se autodeclaram pretos ou pardos.