A primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, manifestou apoio público à ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, após o deputado bolsonarista Gilvan da Federal (PL-ES) direcionar a ela ataques misóginos durante uma sessão da Comissão de Segurança Pública da Câmara. Gilvan utilizou termos pejorativos, como "amante", o que gerou indignação na classe política e entre os cidadãos.
Em suas redes sociais, Janja revelou que a situação revela um "modus operandi cruel de silenciamento" contra mulheres em posição de poder. "Esse episódio escancara a humilhação que recai sobre mulheres em espaços de decisão", afirmou a primeira-dama, que também exigiu "medidas firmes" do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB). A bancada feminina do Partido dos Trabalhadores (PT) se manifestou contra as declarações do deputado, caracterizando-as como "violência política de gênero".
A representação protocolada contra Gilvan da Federal marca a primeira aplicação de novas regras disciplinares aprovadas em 2023. Essas medidas permitem que a Mesa Diretora encaminhe diretamente casos graves ao Conselho de Ética. A solicitação de suspensão do deputado por seis meses – o máximo permitido pelo regimento – foi protocolada dois dias após o incidente, em 30 de abril, e ocorre em um contexto de críticas sobre a morosidade na apuração de agressões verbais a parlamentares femininas.
O caso trouxe à tona o debate sobre assédio institucional, especialmente considerando que, em janeiro, Gleisi Hoffmann já havia defendido Janja de ataques semelhantes, afirmando que a primeira-dama sofre perseguições por seu trabalho em prol dos direitos das mulheres. A ministra recebeu uma onda de solidariedade de diversos aliados do governo, assim como de entidades feministas, que se uniram na luta contra a misoginia.
Agora, o Conselho de Ética tem até 15 dias úteis para analisar a representação. Especialistas em direito parlamentar alertam que a aplicação rápida das novas regras pode estabelecer um precedente importante para futuras situações, facilitando a punição de discursos de ódio. Enquanto isso, movimentos sociais planejam organizar atos em frente ao Congresso ao longo da semana, em apoio à causa feminista.