A Caxemira vive um momento crítico, marcado por um ataque terrorista que resultou na morte de 26 turistas indianos, elevando as tensões na região administrada pela Índia. No dia 22 de abril de 2025, militantes armados atacaram veículos turísticos em Pahalgam, desencadeando um ciclo de retaliações militares e diplomáticas, com repercussões que se estenderam até 6 de maio e suscitaram preocupações internacionais.
A crise no turismo da Caxemira é alarmante. Após o ataque, hotéis e houseboats estão oferecendo descontos de até 70% na tentativa de atrair visitantes de volta, mas a realidade é que muitos turistas deixaram a região em massa. "Estamos limpando bunkers, não quartos", afirmou um morador da vila de Tilawari, localizada na linha de controle do território. O setor, uma das principais fontes de renda local, sofre uma paralisia profunda, agravando a crise econômica.
A tensão não se limita ao turismo; a situação na fronteira entre Índia e Paquistão é igualmente crítica. Relatos indicam que tiroteios têm ocorrido todas as noites ao longo dos 720 quilômetros da Linha de Controle (LoC). O Exército indiano recebeu "liberdade operacional total" para responder a ataques, enquanto as autoridades paquistanesas emitem ameaças de retaliatação. Agricultores, temerosos pela segurança, abandonam suas plantações na zona de conflito, relembrando traumas de crises anteriores, como em 2018.
Em meio a esse cenário de tensão, a visita da vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, coincidente com os ataques, trouxe uma nova pressão sobre Washington para intermediar a situação. Especialistas alertam que a falta de canais bilaterais efetivos entre os dois países torna o risco de um confronto nuclear alarmantemente elevado. Radha Kumar, ex-negociadora indiana, destaca a necessidade urgente de desarmamento dos grupos armados como fundamental para se alcançar a paz duradoura na região.
As promessas do Primeiro-Ministro Narendra Modi de uma "resposta esmagadora" levantam temores em analistas de que a Caxemira poderá repetir o ciclo devastador de ataques e retaliações que marcou o histórico recente, especialmente os eventos de 2019. Para muitos que vivem na região, a realidade se resume a uma preparação constante para a guerra, com membros da comunidade estocando alimentos e se preparando para novas crises.
A Caxemira permanece, assim, refém de um conflito que já dura mais de 75 anos, com uma população que anseia por paz e estabilidade, mas que se vê repetidamente arrastada para a violência e a incerteza.