Nos últimos dois dias, Moscou foi atingida por ataques aéreos noturnos realizados com drones, marcando a segunda noite consecutiva de hostilidades. As autoridades russas atribuem as incursões às forças ucranianas, que não assumiram abertamente a autoria, mantendo assim um padrão de silêncio estratégico.
Os ataques ocorreram em áreas residenciais e industriais, repercutindo nas redes sociais como "explosões ensurdecedoras" durante a noite. Segundo relatos, os drones não tripulados foram interceptados, mas as detonações causaram danos significativos e geraram pânico entre os moradores da capital russa.
Desde o início de 2024, os ataques aéreos em território russo tornaram-se mais frequentes. No entanto, a repetição em curto intervalo de tempo representa uma nova estratégia adotada por Kiev. O Ministério da Defesa russo informou que "sistemas de defesa antiaérea neutralizaram múltiplos drones", mas não confirmou o número de baixas, enfatizando a eficácia de sua defesa.
Embora a maioria dos drones tenha sido abatida, os estilhaços resultantes atingiram veículos e quebraram janelas em bairros periféricos, o que sugere que o objetivo maior dos ataques pode ser a desestabilização do clima civil de Moscou. De acordo com o analista militar Konstantin Mashovets, "a ação força a Rússia a realocar recursos defensivos, aliviando a pressão em outras frentes do conflito".
A OTAN se absteve de fazer comentários diretos sobre os ataques, mas um porta-voz anônimo da aliança, em declaração à Reuters, afirmou que "ações defensivas legítimas podem incluir a neutralização de capacidades logísticas do agressor". Por outro lado, o Kremlin classificou os ataques como "atos de terrorismo" e ameaçou uma "retaliação assimétrica", aumentando as tensões na região.
Especialistas têm se perguntado sobre a capacidade da Ucrânia de enviar drones a centenas de quilômetros de território hostil sem detecção. Teorias apontam que os drones podem ter utilizado corredores aéreos de baixa altitude e rotas improváveis. Um relatório recente da inteligência britânica também indicou que a Ucrânia tem modernizado sua frota de drones com peças ocidentais, ampliando assim seu alcance operacional.
Enquanto Kiev mantém seu discurso voltado para a libertação de territórios ocupados, os ataques a Moscou refletem uma estratégia multifacetada. Para a pesquisadora Olga Tokariuk, "essas ações não substituem os avanços em solo, mas minam a narrativa de normalidade sustentada pela Rússia". A comunidade internacional observa atentamente se essa tática pode acelerar negociações ou prolongar o conflito, em um momento crítico para a região.