A Polícia Civil prendeu um policial militar, um guarda municipal e sete suspeitos de integrar uma célula do Comando Vermelho no interior de São Paulo. A operação, deflagrada nesta segunda-feira (5), investiga a tentativa de expansão da facção fluminense em áreas dominadas pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), envolvendo crimes como homicídios, tráfico de drogas e proteção a rotas criminosas.
A Operação Hitman, coordenada pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG) de Limeira, cumpriu 10 mandados de prisão temporária e 16 de busca e apreensão em quatro cidades: Limeira, Araras, Leme (SP) e Gramado (RS). Entre os detidos, estão o PM e o guarda municipal de Araras, que são acusados de executar rivais do PCC para controlar a "Rota Caipira", uma via estratégica para o escoamento de drogas e armas.
Um guarda civil de Araras permanece foragido. Durante as buscas, a polícia apreendeu cerca de R$ 16 mil, 2,5 kg de cocaína, 449 g de maconha, três armas, 75 munições e 14 celulares. "Eles atuavam em múltiplas frentes, incluindo associação com o tráfico e homicídios planejados", afirmou um delegado envolvido na investigação.
De acordo com a Polícia Civil, o PM e o guarda municipal recebiam pagamentos do tráfico para proteger atividades ilegais e alterar registros de veículos usados em crimes. O grupo é suspeito de executar "múltiplos homicídios consumados e tentados" nos últimos anos, utilizando armamento sofisticado e sicários em emboscadas, com a intenção de eliminar membros do PCC.
O Comando Vermelho, que atua fortemente no Rio de Janeiro, busca expandir sua influência em territórios tradicionalmente controlados pelo PCC em São Paulo. A "Rota Caipira", que conecta cidades no interior do estado, é um ponto crítico nessa disputa, dada sua importância como rota para o tráfico interestadual.
A operação revela a infiltração de agentes públicos em esquemas criminosos, e há suspeitas de que os detidos atuavam como o "braço armado" do CV na região. A Polícia Militar e a Prefeitura de Araras ainda não se manifestaram sobre os casos. Os presos enfrentarão acusações de associação criminosa, tráfico de drogas, homicídio qualificado e porte ilegal de armas.
A Polícia Civil de São Paulo mantém sigilo sobre a identidade dos investigados, mas informações indicam que novas fases da operação estão previstas para desmantelar redes ainda ativas. A apreensão de documentos e equipamentos eletrônicos poderá fornecer provas adicionais sobre a colaboração entre os agentes e a facção. As autoridades afirmam que esta operação foi crucial para interromper a expansão do CV em uma das áreas mais disputadas do crime organizado paulista.
Este desdobramento ocorre em um momento de aumento de conflitos entre facções no interior de São Paulo, com relatos recentes de ataques a carros-fortes e estabelecimentos comerciais. Especialistas alertam que a fragmentação de grupos menores tem intensificado a violência na região.