Donald Trump anunciou a intenção de impor tarifas de 100% sobre filmes produzidos no exterior, uma medida que pode perturbar o equilíbrio da indústria cinematográfica global. A proposta, feita esta semana e que já está gerando investigações nos órgãos competentes, visa afetar especificamente produções filmadas fora dos Estados Unidos. Trump justificou a iniciativa afirmando que Hollywood está "morrendo", porém, os detalhes sobre a aplicação das tarifas ainda não foram especificados.
A ordem executiva foi divulgada através das redes sociais de Trump e busca taxar "qualquer filme estrangeiro". O anúncio chega em um momento em que a globalização se torna um tema recorrente no setor do entretenimento, onde produções como *Oppenheimer* e *Babylon* são destacados por conterem elementos internacionais.
Justine Bateman, cineasta e irmã do ator Jason Bateman, levantou preocupações sobre a falta de clareza na proposta, questionando se as tarifas se aplicariam a serviços de streaming ou apenas a lançamentos no cinema. A ausência de informações sobre quais etapas específicas da produção seriam taxadas – se na filmagem, na pós-produção ou na distribuição – cria incertezas entre os profissionais da área.
Steve Miller, representante do Institute for Supply Management, chamou a atenção para o plano como um sinal preocupante para a saúde do setor de serviços dos EUA, que lidera as exportações globais nessas áreas, abrangendo turismo, streaming e finanças. Este setor contribui com 70% do PIB nacional.
Boicotes potenciais, como a proibição de canadenses de viajarem para os EUA e restrições que poderiam surgir na Europa em relação a empresas de tecnologia, evidenciam a possibilidade de uma escalada comercial. Para Hollywood, as consequências poderiam ser severas, com represálias contra plataforma de streaming e coproduções internacionais sendo um risco iminente.
Diferentemente das tarifas aplicadas a produtos físicos, como automóveis, o cinema lida com obra intelectual, o que complica a aplicação de tarifas. Bateman mencionou que um filme americano levemente ambientado na França, por exemplo, depende da locação, revelando as complexidades envolvidas nessa nova proposta.
Adicionalmente, a medida desconsidera a natureza colaborativa da indústria cinematográfica, que frequentemente depende de cenários internacionais e diversidade nas suas produções, como observado no Hand Prop Room, um dos principais fornecedores em Los Angeles.
A investigação em curso deve determinar como classificar "filmes estrangeiros", levando em conta coproduções e serviços terceirizados. Especialistas propõem três possíveis desfechos para essa situação:
A incerteza que reina neste momento deixa a indústria em estado de alerta, com muitos analistas notando um paralelo com medidas protecionistas da história, agora aplicadas à economia criativa.