A auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que investiga fraudes conhecidas como "farra do INSS" está prevista para durar aproximadamente quatro meses. O objetivo principal da investigação é apurar irregularidades cometidas por servidores e entidades associativas que atuam dentro do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Esse processo ganhou relevo após denúncias de que grupos criminosos, incluindo servidores de alta administração da autarquia, estariam envolvidos em fraudes que prejudicam aposentados e pensionistas. O TCU estabeleceu prazos rigorosos para que o governo federal forneça explicações sobre as medidas necessárias para ressarcir os lesados e responsabilizar os envolvidos.
A expressão "farra do INSS" refere-se a um esquema fraudulento que visa realizar descontos indevidos em benefícios previdenciários, utilizando associações e empréstimos consignados de maneira suspeita. A auditoria foi iniciada após a manifestação de mais de 35 mil reclamações relacionadas a essas práticas, as quais resultaram em severos prejuízos financeiros para os beneficiários do INSS.
O TCU já havia emitido recomendações em junho de 2024 para que as fraudes fossem coibidas, mas a análise dos recursos interpostos pelo INSS teve seu andamento adiado repetidamente, causando atrasos na investigação.
O relator do caso no TCU, ministro Aroldo Cedraz, retraiu da pauta o julgamento dos recursos do INSS em seis ocasiões ao longo de quase um ano, provocando descontentamento entre outros membros do tribunal. A insatisfação se deve à falta de monitoramento e à lentidão na avaliação dos recursos, o que impede a elaboração das medidas recomendadas para impedir novas fraudes.
O ministro Bruno Dantas, embora reconheça a gravidade do caso, mencionou a ausência de clareza sobre a execução das medidas cautelares adotadas pelo TCU desde 2024. De igual modo, o ministro Walton Alencar ressaltou que o caso não retornou à unidade técnica para o acompanhamento necessário, comprometendo a eficácia da auditoria.
Em um desdobramento recente, o ministro Bruno Dantas impôs um prazo de 15 dias para que o governo federal informe sobre as ações que serão implementadas para restituir os aposentados que foram lesados, bem como a origem dos recursos necessários para essa compensação. O TCU requer, ainda, que o INSS apresente um relatório detalhado, contendo a lista completa de servidores e entidades associativas implicadas, com informações pessoais e qualificações.
O tribunal ressalta a importância de agilizar a responsabilização e a correção das irregularidades, com o intuito de proteger o erário público.
Atualmente, o governo não estabeleceu um cronograma ou origem definida para os recursos destinados ao ressarcimento das vítimas das fraudes. Uma das alternativas em análise é o remanejamento de verbas dentro do orçamento federal ou a proposição de uma Medida Provisória ao Congresso, que possibilitaria a criação de crédito extraordinário. Essa medida permitiria a liberação de recursos sem afetar as regras fiscais vigentes, prática já utilizada em emergências anteriores, como o auxílio às vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul.
A auditoria do TCU deverá prosseguir nos próximos meses, com a expectativa de concluir seus trabalhos em cerca de quatro meses. O tribunal seguirá no monitoramento do cumprimento das medidas recomendadas e da responsabilização dos envolvidos, sempre buscando proteger os direitos dos aposentados e pensionistas e assegurar a integridade dos benefícios previdenciários.