O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que não há um prazo definido para a devolução do dinheiro desviado de aposentados e pensionistas do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), responsabilizando a gestão de Jair Bolsonaro (PL) pelo esquema fraudulento. A declaração ocorreu durante uma entrevista após a visita oficial de Lula à Rússia, onde explicou que a apuração do caso está em andamento e que é essencial confirmar a extensão dos prejuízos antes de determinar valores e prazos para o ressarcimento.
O escândalo envolve descontos indevidos realizados em benefícios do INSS por entidades sindicais e associações, descoberta pela Controladoria Geral da União (CGU) e pela Polícia Federal (PF) durante o atual governo. Lula destacou que a fraude começou em 2019, no início da presidência de Bolsonaro, e enfatizou que seu governo está determinado a desmantelar a quadrilha responsável pela ação.
"Devolver ou não vai depender de você constatar a quantidade de pessoas enganadas. Aqueles que assinaram já autorizaram [os descontos]", ponderou Lula. Ele ressalta a importância de uma investigação rigorosa para evitar conclusões apresadas. O presidente criticou a possibilidade de "pirotecnia" na divulgação dos dados sem uma apuração adequada.
Enquanto o governo ainda não estabelece um prazo para o ressarcimento total, o INSS anunciou a devolução de R$ 292,7 milhões a aposentados e pensionistas entre 26 de maio e 6 de junho. Este montante se refere a descontos indevidos feitos em abril, que foram temporariamente bloqueados, mas que precisaram ser pagos na folha de maio, devido ao calendário de processamento.
Além disso, cerca de 9 milhões de aposentados e pensionistas receberão notificações na próxima terça-feira (13) para confirmar se autorizaram os descontos feitos em seus benefícios. Essa ação tem como objetivo assegurar que o ressarcimento ocorra apenas para aqueles efetivamente prejudicados pela fraude.
Lula não hesitou em criticar a administração de Bolsonaro, afirmando que a quadrilha foi formada durante o governo anterior, envolvendo pessoal ligado ao Ministério da Previdência e à Casa Civil. A demora nas investigações, segundo o presidente, visa evitar ações espetaculares e garantir a apuração minuciosa. “Vocês sabem quem governava o Brasil em 2019. Poderíamos ter feito um show, mas preferimos investigar”, declarou durante coletiva de imprensa em Moscou.
O governo federal continua com as investigações e está bloqueando recursos de entidades sindicais e associações envolvidas na fraude, totalizando bilhões de reais. A Advocacia-Geral da União (AGU) já solicitou o bloqueio de R$ 2,56 bilhões de 12 entidades investigadas, reafirmando o compromisso do governo em recuperar os valores desviados. Beneficiários do INSS devem acompanhar as notificações e orientações para evitar novos prejuízos e garantir o ressarcimento adequado. A situação está sendo monitorada de perto pela sociedade e pela mídia, dada a gravidade do caso e o impacto sobre os aposentados e pensionistas brasileiros.