No Dia das Mães, a pesquisadora Juliana Brito, do Instituto de Química (IQ) da Unesp, destaca como equilibra sua vida pessoal e profissional, dedicando-se à família e à ciência em Araraquara (SP). Com 36 anos, Juliana atua na área de Eletroanalítica e Química Ambiental, focando no tratamento de resíduos e geração de combustíveis, um tema que exige grande comprometimento e paixão.
Em sua jornada, a maternidade não apenas mudou sua rotina, mas também a fez repensar suas prioridades. Juliana conta que conciliar as obrigações acadêmicas e os cuidados com os filhos é desafiador: "A ciência não para e a licença maternidade, para nós, cientistas, não existe. É necessário um equilíbrio delicado entre atender os projetos de pesquisa e as demandas da maternidade". Apesar das dificuldades, ser mãe trouxe uma nova perspectiva: "Meu mundo mudou após o nascimento do Pietro. Embora parte de mim continue igual, sou uma pessoa diferente agora. É gratificante ser mãe".
A chegada dos filhos a fez repensar sua um pouco a intensa vida acadêmica. Juliana, que antes dedicava seu tempo exclusivamente à ciência, agora procura um tempo estruturado para seus filhos, sem deixar de lado suas funções na universidade. "Eu não queria apenas ser uma cientista, mas sim formar filhos melhores para o mundo", afirmou.
Desde que Pietro nasceu, durante a pandemia, ele tem sido parte integrante da vida profissional da mãe. Eles já viajaram juntos para congressos e até já estiveram no Canadá e no Rio Grande do Sul. À medida que cresce, Pietro, com apenas 5 anos, demonstra uma compreensão notável sobre a profissão da mãe, associando problemas científicos ao trabalho dela: "Quando ele me diz que precisamos de um cientista para resolver um problema, fica claro que ele entende o que faço".
O incentivo à curiosidade científica é uma prioridade para Juliana, que busca transmitir a importância da investigação e do questionamento a seu filho. "Falo sempre para ele que estou à procura de respostas e isso alimenta sua curiosidade, o que é fundamental para as crianças", explica.
A presença de mães na academia traz um olhar diferente para a pesquisa, segundo Juliana, que acredita que a maternidade proporciona uma sensibilidade que enriquece as relações no ambiente de trabalho. "O cuidado maternal influencia nossas interações, desde a forma de lidar com a equipe até a condução das pesquisas. Trabalhar como mãe me transformou em uma profissional melhor".
Ela enfatiza que as pesquisadoras devem continuar a planejar a maternidade, mesmo considerando o relógio biológico: "Esse assunto é delicado e não existe uma resposta certa. O tempo não para e as mulheres devem realizar seus sonhos, pois frequentemente nos arrependemos mais do que não fizemos do que do que fizemos".
Juliana também compartilha seu progresso no desenvolvimento de pesquisas focadas na geração de energia limpa a partir de resíduos. "Estou trabalhando na combinação de tratamento de águas contaminadas com a geração de energia. O objetivo é evitar o descarte inadequado e reutilizar a água no ciclo industrial`, comentou. Para ela, a abordagem sustentável é imprescindível para o futuro: "Queremos que as indústrias viabilizem financeiramente o tratamento de resíduos, enquanto ainda geram energia de forma sustentável e econômica".