A cidade de São José da Laje, localizada na Zona da Mata de Alagoas a cerca de 100 km de Maceió, é reconhecida como o berço da produção de etanol no Brasil. Desde 1924, quando as pesquisas sobre o uso do álcool derivado da cana-de-açúcar começaram na região, a cidade se destaca por seu papel pioneiro na história energética do país. Além de ser uma das mais antigas cidades de Alagoas, São José da Laje carrega um rica herança marcada pela presença quilombola, o ciclo do açúcar e uma significativa trajetória de engenharia.
A Usina Serra Grande é um dos principais símbolos dessa evolução. Com mais de um século de funcionamento, a usina tem contribuído para a conservação do legado tecnológico e histórico do etanol no Brasil. Dentro do seu complexo, encontra-se o Museu Maria Fumaça, que abriga um acervo valioso com mais de 2.500 itens, incluindo peças, documentos e fotografias. A pesquisadora Jacineide Maia, nascida na cidade, expressa seu orgulho pela preservação desse patrimônio: "Tem uma riqueza, uma preciosidade histórica que nos orgulha não só pelo pioneirismo, mas pela conservação e todo o patrimônio arquitetônico".
Inaugurado na década de 1970, o museu ocupa um imóvel que antes foi residência do coronel Carlos Lyra, construída em 1894, e que posteriormente se tornou uma escola. O acervo inclui um documento original que narra como o etanol foi desenvolvido na cidade, falando sobre as pesquisas conduzidas por um alemão que colaborava com a equipe técnica do coronel Lyra. O lançamento oficial do etanol ocorreu em Recife, e o produto fabricado em São José da Laje era comercializado em Alagoas e Pernambuco, abastecendo veículos de ambos os estados.
As iniciativas de pesquisa e produção de combustível renovável em São José da Laje se destacam não apenas pelo seu valor histórico, mas também pela conservação do patrimônio cultural e arquitetônico local, evidenciando a importância da cana-de-açúcar no desenvolvimento da energia sustentável no Brasil.