No Dia das Mães, mais do que uma simples data, celebramos aquelas que, com suas mãos firmes e corações generosos, constroem lares e comunidades. Em Maceió, muitas mulheres desempenham o papel de guardiãs da cultura, unindo a maternidade à arte em uma rica tapeçaria de tradições.
Essas mães bordam, esculpem e dançam, mantendo vivos os saberes populares da cidade. Entre o cuidado com os filhos e a luta diária pelo sustento, elas espalham arte por onde passam. Suas mãos não apenas criam, mas também educam e preservam a identidade cultural, resistindo ao tempo com beleza e afeto.
Entre as figuras mais representativas dessa tradição está a artesã Mestra Vânia. Com um toque emblemático, suas criações são mais do que peças de artesanato; cada uma delas carrega uma porção da história e da identidade de Maceió. Ao seu lado, encontramos Juliana Angélica, sua filha, que cresceu imersa nas cores e no trabalho manual da mãe, transformando pano em poesia.
"Não tem como falar da minha história hoje sem antes dizer de onde foi que me inspirei. Foi justamente da minha mãe. Crescer vendo ela fazer todo esse trabalho manual, muitas vezes ajudando nas encomendas... O meu despertar veio daí", reflete Juliana, visivelmente emocionada.
Mestra Vânia expressa com firmeza sua escolha de viver da arte, ressaltando que, apesar das dificuldades, sempre encontra beleza na sua missão: "A gente sobrevive realmente do artesanato. E se faz, é com amor. Quando a peça é feita com sentimento, ela fala, ela brilha. Isso não se aprende em nenhum curso: é coisa de dentro."
Juliana, que um dia pensou em não seguir os passos da mãe, reconhece que foi inevitável influenciar-se pelo seu exemplo. "Eu dizia que não queria ser artesã, porque via ela passar noites acordada, trabalhando. E eu dizia: isso não é pra mim. Mas, olha só... hoje eu também viro a noite costurando, entregando com o mesmo cuidado." Essa admiração e respeito se transformam em uma dança delicada entre as duas, onde Vânia representa a tradição e Juliana traz uma visão contemporânea ao seu ofício.
"Eu ajo com os dois: razão e coração. Porque não é só amor, é também trabalho, investimento, sustento. A gente quer entregar beleza, mas também precisa ser reconhecida por isso," pondera Juliana, evidenciando a complexidade de viver da arte.
A história de Mestra Vânia transcende a relação familiar, pois ela é vista como "mãe" por muitos artistas e crianças envolvidas em folguedos. Sua função como guardiã da cultura maceioense é reconhecida por Juliana, que valoriza a herança que recebeu: "Ela é mãe de tanta gente. E que bom que ela também é minha mãe. Porque foi dela que eu herdei a força, a coragem, a vontade de fazer sempre mais."
Com um entendimento profundo do papel da maternidade no contexto cultural, Mestra Vânia afirma: "Antes do artesanato, tem uma mãe aqui. Uma mãe que batalhou pelos filhos, que nunca teve preguiça. Que me ensinou o valor do trabalho. Que me ensinou a ser."
A emoção de Mestra Vânia ao falar sobre a filha é palpável. "Ela é uma filha-mãe! Que me dá orgulho, cuida dos filhos com o mesmo carinho que cuida das encomendas. E eu só posso agradecer a Deus por essa filha que é exemplo, pra mim e pra tantos."
Mestra Vânia e Juliana representam apenas uma fração das mães artesãs que transformam a arte em um gesto de cura e resistência social. Através de cada criação, elas não apenas preservam a cultura local, mas também contam a história vibrante de Maceió. Neste Dia das Mães, suas vozes ressoam como uma carta bordada à mão, uma homenagem a todas as mulheres que, com amor e dedicação, educam, inspiram e lutam por um amanhã melhor.