A montadora japonesa Nissan revelou, nesta terça-feira, que cortará 20 mil empregos e fechará sete fábricas, na esteira de uma profunda crise financeira agravada pelas tarifas impostas pelo governo Trump. A medida é parte de um esforço para reformular a empresa, que estima que as tarifas possam custar até US$ 3 bilhões, forçando-a a considerar a relocação de modelos destinados ao mercado americano para outros países.
Com essas novas demissões, a Nissan aprofundará sua reestruturação, já que, em um plano de recuperação anunciado anteriormente, 9 mil demissões já haviam sido comunicadas. Com a redução das suas 17 fábricas para 10 até 2027, a Nissan enfrenta um cenário desafiador, pois, no último ano fiscal, registrou uma perda líquida de 671 bilhões de ienes (cerca de US$ 4,5 bilhões). Devido a incertezas relacionadas às tarifas, a empresa optou por não divulgar previsões de lucro para 2025.
Nissan tem sentido a pressão crescente das montadoras chinesas e enfrenta desafios na criação de uma linha atraente de veículos elétricos, mesmo tendo sido pioneira no mercado de EVs com o Nissan Leaf em 2010. Após a saída do CEO Makoto Uchida, Ivan Espinosa, um veterano da empresa, assumiu o cargo em março. Ele busca reduzir custos em 250 bilhões de ienes (aproximadamente US$ 1,7 bilhão) com o novo plano de reestruturação.
As tarifas de 25% sobre veículos importados impostas pelo governo dos EUA tornam a Nissan particularmente vulnerável, já que vários de seus modelos são enviados de fábricas no Japão e no México. A empresa estima que, sem medidas de mitigação, as tarifas em veículos importados resultarão em um custo de 450 bilhões de ienes (aproximadamente US$ 3 bilhões) neste ano.
Além de aumentar sua capacidade de produção nos EUA, a Nissan pretende priorizar as vendas de modelos montados localmente e redirecionar alguns modelos impactados pelas tarifas conforme a demanda do consumidor. Contudo, a Nissan não está sozinha: a Honda também anunciou que as tarifas afetariam em US$ 3 bilhões suas operações, reduzindo sua previsão de lucro em quase 60% para o próximo ano fiscal. A montadora está transferindo a produção de seu modelo Civic híbrido do Japão para os EUA como parte de suas estratégias de adaptação.
As ações de Nissan e Honda ocorreram em uma conjuntura que destaca a fragilidade da indústria automobilística diante das imposições tarifárias, evidenciando um cenário desafiador para as montadoras japonesas no mercado americano.