A Apple, sob a liderança de seu CEO Tim Cook, investiu bilhões de dólares na China ao longo dos anos. No entanto, um novo estudo sugere que essa extensa dependência agora se tornou um problema significativo para a empresa. Patrick McGee, jornalista e autor do livro "Apple In China: The Capture of the World's Greatest Company", argumenta que, embora essa estratégia tenha sido inicialmente próspera para a Apple, ela gerou complicações consideráveis.
Durante a administração Trump, houve um clamor para que a Apple relocasse sua produção para os Estados Unidos. No entanto, McGee e outros especialistas afirmam que isso é inviável no que diz respeito à produção do iPhone, devido à combinação única de fatores que a China oferece. "A densidade populacional e a dinâmica da força de trabalho chinesa são incomparáveis", aponta McGee. Ele explica que enquanto uma cidade chinesa pode ter uma população flutuante de centenas de milhares de trabalhadores temporários, nos EUA isso seria impossível de replicar em escala.
Embora a Apple tenha mencionado que algumas montagens estão sendo transferidas para a Índia e o Vietnã como uma forma de evitar tarifas sobre produtos fabricados na China, McGee considera essa mudança enganosa. "Se a montagem final do iPhone for realizada na Índia, isso não altera o fato de que os componentes ainda são provenientes da China", observa. Essa abordagem, segundo ele, faz a empresa parecer mais adaptável do que realmente é.
Outro ponto crucial levantado por McGee é a transferência de tecnologia que ocorre devido à produção na China. Ele destaca que, a cada ano, a Apple fornece acesso a tecnologia de ponta para engenheiros chineses, permitindo que eles desenvolvam sua própria cadeia de suprimentos de alto valor. Isso, argumenta ele, se torna um problema não apenas para a Apple, mas também para os Estados Unidos, uma vez que a concorrência se fortalece.
O cenário atual aponta para desafios ainda maiores no futuro. McGee sugere que, à medida que a Apple continua a inovar e a produzir seus produtos na China, ela também deve considerar as implicações a longo prazo de sua dependência. As relações comerciais e políticas são profundas e não devem ser quebradas facilmente. Assim, enquanto a Apple possa estar buscando alternativas, seu laço com a China permanece forte.
Como McGee observou: "Apesar das pressões, as amarras do negócio podem ser mais difíceis de desatar do que as gente imagina."
Em resumo, enquanto a Apple poderá evitar algumas tarifas ao transferir a montagem final para a Índia, as raízes de sua cadeia de suprimentos na China permanecem firmemente estabelecidas, apresentando um dilema complexo tanto para a empresa quanto para o país.