A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) está recomendando aos ex-usuários da Golden Cross que não paguem boletos com vencimento em maio. Essa orientação surge após a operadora de saúde ter sido liquidada extrajudicialmente, o que gera incertezas para muitos beneficiários, que relatam dificuldades em obter informações e reembolso sobre pagamentos efetuados.
Após a extinção da Golden Cross na última terça-feira, diversos ex-usuários comunicaram o recebimento de boletos para pagamento, mesmo sabendo que a operadora não está mais em funcionamento. Alguns beneficiários que já haviam iniciado o processo de portabilidade mencionaram que pagaram por duas mensalidades em maio - a da Golden Cross e da nova operadora - com receio de que a transferência fosse inviabilizada sem carência. Outros clientes com boletos pendentes estão confusos sobre a realidade da cobrança e enfrentam dificuldades em conseguir atendimento, uma vez que a operadora já apresentava um serviço precário antes de sua liquidação e agora não possui representantes disponíveis.
A ANS confirmou que os pagamentos não devem ser efetuados e que os ex-usuários da Golden Cross podem realizar a migração para outro plano de saúde, mesmo que tenham deixado de pagar as mensalidades de março e abril. A reguladora ressaltou que a portabilidade especial possibilita que beneficiários apresentem cópias dos comprovantes de pagamento de pelo menos três boletos vencidos nos últimos seis meses para a comprovação de adimplência. Portanto, quem não pagou as últimas mensalidades ainda poderá optar pela portabilidade até 11 de julho.
Por outro lado, a coordenadora do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nudecon), Luciana Teles, alertou que aqueles que já pagaram boletos à Golden Cross podem ter dificuldades para conseguir reembolso. Em sua explicação, Teles destacou que, em situações de liquidação, as empresas normalmente carecem de patrimônio para restituir consumidores. "Quem se sentir prejudicado pode até buscar a Justiça, mas o sucesso pode ser limitado, pois as sentenças priorizam credores como trabalhistas e tributários”, disse a defensora.
Na data da extinção da Golden Cross, aproximadamente 50 mil beneficiários de planos empresariais ainda não haviam feito a portabilidade especial de seus contratos. A ANS frisou que essa transição poderá ocorrer sem carências até 11 de julho, sendo um procedimento que deve ser individualizado pelo beneficiário, independentemente de estar vinculado a um plano empresarial.
A Vision Med, responsável pela Golden Cross, informou que, após a liquidação decretada no dia 13, todos os administradores foram afastados e a ANS assumiu a gestão da empresa. A empresa, apesar das várias solicitações de esclarecimento, não apresentou informações sobre a emissão dos boletos de maio.