A mudança na abordagem dos fundos de investimento na Europa está ganhando destaque, especialmente com o crescimento acentuado das empresas ligadas à defesa, que dispararam 38% na Bolsa neste ano. A mudança de estratégia é impulsionada pela crescente necessidade de reforço militar na União Europeia, um reflexo direto do contexto geopolítico atual, que ficou mais tenso desde o surgimento da guerra na Ucrânia.
A pressão para aumentar os gastos com defesa se intensificou, especialmente na Alemanha, que sinalizou um aumento para 5% do PIB, enquanto a França está disposta a alcançar 3,5%. Este aumento tem levado as gestoras de fundos a reavaliar suas políticas de investimento em ativos que anteriormente eram considerados excluídos por não atenderem a critérios de sustentabilidade.
Um exemplo é Erik Eliasson, responsável pela Inversão Responsável do Danske Bank, que destacou como a demanda por investimentos em defesa se tornou mais forte e menos restritiva. Os índices que monitoram este setor observaram uma alta de 33% apenas no ano anterior, refletindo a maior aceitação por parte dos investidores a respeito de ações de defesa.
Além disso, gestoras como Allianz e UBS revisaram seus critérios de exclusão, permitindo agora um percentual maior de receita de empresas de defesa, ampliando a margem para que possam investir. A Allianz, em particular, adaptou suas políticas para permitir a inclusão em suas carteiras de ações relacionadas à defesa, desde que o negócio militar não represente mais de 10% das receitas da empresa.
O Norges Bank, fundo soberano norueguês, manteve suas proibições rigorosas, mas reconheceu que a ética em investimentos pode evoluir com o contexto global de rearme. O debate está se ampliando, com outros países do euro buscando explorar a possibilidade de investir em setores mais estratégicos, incluindo defesa, sem excluir outras iniciativas menores voltadas à energia e à tecnologia.
Iniciativas como a do Bpifrance, banco de investimentos estatal francês, estão permitindo que pequenos investidores apliquem em empresas de defesa com aportes mínimos, abrindo espaço para uma nova forma de participação no mercado. O governo francês enfatizou a importância de mobilizar o investimento em defesa como uma questão de desenvolvimento social e econômico, buscando assim um posicionamento mais firme no novo cenário global.