As renomadas artistas Daniela Mercury, Regina Casé e Anitta estão na linha de frente de um movimento contra a venda de áreas verdes em Salvador. Recentemente, as declarações se intensificaram após a Justiça Federal suspender um leilão de um terreno na Barra, o que trouxe à tona a discussão sobre a preservação ambiental na capital baiana.
A problemática da comercialização de terrenos verdes em Salvador não é nova; trata-se de um assunto debatido há mais de uma década. A Câmara Municipal já aprovou diversos projetos de lei relacionados à desafetação, um processo que permite a alteração da destinação de um bem público para que ele possa ser vendido ou permutado.
Após a suspensão do leilão de uma área verde de 3.160 m² no Morro do Ipiranga, localizado em um dos mais icônicos circuitos do carnaval, Anitta se manifestou em suas redes sociais, frisando a importância da preservação ambiental. "A gente não pode deixar derrubar nenhuma área verde. Temos que cuidar de todas as áreas verdes que existem em Salvador", afirmou Regina Casé, também em um vídeo nas redes sociais.
Daniela Mercury, a única artista baiana entre as três, destacou a necessidade de um debate mais profundo sobre o assunto. "Que a gente não perca nossa identidade. Me interessa muito que a minha cidade seja uma cidade que respeita a natureza", comentou. As palavras de Daniela ecoam um sentimento comum entre os cidadãos de Salvador, que se preocupam com as consequências da venda de áreas verdes em meio a uma crise climática crescente.
Conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Salvador está classificada como a segunda capital brasileira com a pior arborização. Isso torna ainda mais urgente a preservação das áreas verdes, que desempenham um papel essencial na qualidade de vida urbana.
A Justiça Federal justificou a suspensão do leilão devido ao risco de erosão e instabilidade do solo na área que deveria ser vendida, que contém vegetação nativa do bioma Mata Atlântica. Essa decisão evidencia as preocupações em torno da proteção ambiental e a necessidade de contemplar a voz pública sobre as áreas verdes.
Além da defesa das artistas, é importante observar que entre 2014 e 2017, a Câmara Municipal de Salvador aprovou a venda de 16 terrenos, arrecadando cerca de R$ 82 milhões. Parte desse dinheiro foi destinada a obras do Hospital Municipal, levantando questionamentos sobre a necessidade de preservar as áreas verdes em contrapartida à geração de receita.
A luta por espaços verdes é fundamental, não apenas para a geração de receitas, mas também para a saúde, bem-estar e resiliência da população. Essa afirmativa é respaldada pela crescente preocupação da sociedade em geral, que anseia por um futuro onde a natureza e o urbanismo possam coexistir em harmonia.
\nEntender a situação das áreas verdes em Salvador e a discussão acerca da desafetação de terrenos é essencial para garantir um ambiente mais saudável e sustentável para as futuras gerações.