Líderes de ao menos 10 países da América Latina têm investido milhões de dólares nas últimas anos em lobby em Washington, visando influenciar a administração de Donald Trump. Essa movimentação revela um novo padrão de relações políticas, caracterizado por laços pessoais e alinhamento ideológico, conforme apontam dados do The Guardian em conjunto com o Instituto Quincy.
Com o início da campanha presidencial em 2024, esse tipo de lobbying se intensificou, com representantes de países como El Salvador e Equador adotando estratégias audaciosas para garantir apoio do governo americano. "Durante o governo Trump, a política externa evidenciou um caráter econômico e transacional, promovendo relações com a extrema direita latino-americana e facilitando o acesso à Casa Branca", observa Jake Johnston, do Centro de Pesquisa Econômica e Política.
O presidente de El Salvador, Nayib Bukele, é um exemplo notório, destinação US$ 1,5 milhão para lobby e conseguindo, em troca, reuniões no Salão Oval, suporte a projetos importantes e uma imagem aprimorada em rankings de segurança. O presidente equatoriano, Daniel Noboa, por sua vez, utilizou serviços da Mercury Public Affairs, resultando em um encontro em Mar-a-Lago e aprovação para enviar armamento durante uma crise em seu país.
Além desses, Javier Milei, presidente da Argentina, fez uma gestão mais midiática, investindo significativos valores para ser visto ao lado de figuras proeminentes como Trump e Elon Musk, o que resultou em apoio do FMI e novas oportunidades comerciais.
A estratégia de lobby tem sido adotada amplamente, de Panamá à Guiana e da República Dominicana à Colômbia, com países buscando fortalecer suas posições tanto no cenário internacional quanto internamente. Contratos com consultorias e firmar de lobby estão se multiplicando, promovendo uma aproximação com os círculos de influência ligados a Trump.
Entre os lobistas, Damian Merlo e Mauricio Claver-Carone se destacam, com o primeiro mantendo relações próximas com vários presidentes da região e o segundo atuando como enviado especial para os interesses latino-americanos. Paradoxalmente, enquanto alguns países como o Panamá estão optando por uma abordagem mista, outros, como a Colômbia, asseguram apoio cross-partidário.