Rafael Sales, CEO da Allos, discute planos de expansão e acessibilidade em shoppings. Reprodução: Globo
Em uma recente entrevista ao GLOBO, Rafael Sales, CEO da Allos, maior grupo de shoppings do Brasil, manifestou a confiança na resiliência como palavra-chave para o sucesso em 2025. A empresa reportou um lucro significativo de R$ 242,1 milhões no primeiro trimestre, resultado que reflete não apenas a força de suas operações, mas também uma série de iniciativas inovadoras.
A Allos, que possui 55 shoppings em seu portfólio, como o Leblon (RJ) e o Villa-Lobos (SP), tem se diversificado em seus negócios com projetos como a Karg, voltada para recarga de carros elétricos, e a Helloo, setor de mídia digital. Com essa diversificação, a empresa busca não apenas se manter competitiva, mas também ampliar seu impacto no setor. "Se a gente tivesse um cenário menos volátil de juros e expectativas, certamente poderia lançar mais expansões", destacou Sales.
Um dos projetos mais emocionantes de Sales é o desenvolvimento de um protocolo próprio de acessibilidade. Após um acidente que o deixou tetraplégico, sua perspectiva sobre a inclusão mudou drasticamente. Ele ressaltou que "cumprir a regra não é suficiente" e que é crucial criar um ambiente verdadeiramente acessível para todos, principalmente para aqueles com dificuldades de mobilidade.
No contexto atual, Sales mencionou que as taxas de juros estão impactando significativamente o crédito para pequenas e médias empresas, fundamentais para a economia. Apesar disso, a Allos apresenta resultados positivos, com ocupação dos shoppings em alta e inadimplência em baixo. A cautela predomina nas decisões de expansão, mas os negócios continuam a crescer de maneira sustentável.
Sobre o conceito de shopping do futuro, Sales enfatiza uma abordagem "fígital", integrando experiências físicas e digitais. Esta estratégia busca fazer com que os clientes compreendam seu percurso de forma eficiente, enquanto a Allos se empenha em oferecer apoio e recursos para que os lojistas se adaptem a esse novo cenário.
A Allos também se comprometeu com questões de diversidade e inclusão. O grupo está implementando programas para garantir que a liderança seja representativa, com 46% dos cargos de liderança ocupados por mulheres. Além disso, iniciativas para promover talentos de grupos minoritários, como negros e pardos, estão em andamento visando criar um ambiente mais equitativo.
No entanto, Sales reconhece que a transformação em acessibilidade e inclusão não acontecerá da noite para o dia. "É um processo longo de conscientização", disse ele, reforçando que o valor agregado à companhia deve se refletir em um ambiente mais acolhedor e frutífero para todos os frequentadores dos shoppings. Ao final, ele afirmou que é preciso respeitar a diversidade e as realidades daqueles que frequentam os shoppings para promover um futuro mais positivo.